Exercícios físicos
podem ser importantes para manter um cérebro relativamente jovem e ágil à
medida que envelhecemos, de acordo com um novo estudo sobre padrões de ativação
cerebral em pessoas mais velhas.
Para a maioria de
nós, nossos corpos começam a perder flexibilidade e eficiência a partir dos 40
anos. A corrida e outros movimentos ficam mais lentos e se tornam mais
desajeitados e o mesmo parece acontecer em nossas cabeças. À medida que a meia
idade chega, nossa maneira de pensar se torna menos eficiente. Não alternamos
entre as tarefas mentais tão agilmente como fazíamos nem processamos
informações novas com a mesma desenvoltura e clareza.
Recentemente,
neurocientistas começaram a quantificar como essas mudanças cognitivas
acontecem em nossos cérebros, com efeitos perturbadores. Em estudos comparando
a ativação cerebral em pessoas jovens com a de quem já passou dos 40 anos,
pesquisadores descobriram diferenças notáveis, especialmente entre tarefas
mentais que requerem atenção, resolução de problemas, tomada de decisões e
outros tipos de raciocínios de alto nível.
Esse tipo de
pensamento envolve em primeiro lugar a ativação do córtex pré-frontal do
cérebro.
Nos jovens, a ativação
no córtex durante essas tarefas cognitivas tende a ser altamente localizada.
Dependendo do tipo de pensamento, o cérebro das pessoas jovens se acende
exclusivamente na porção direita ou esquerda do córtex pré-frontal.
Mas, em pessoas mais
velhas, estudos mostram que a atividade do cérebro durante essas mesmas tarefas
mentais requer muito mais poder do órgão. Elas tipicamente mostram atividade
nos dois hemisférios de seu córtex pré-frontal.
Na verdade, elas
precisam de mais recursos do cérebro para completar as mesmas tarefas que
pessoas jovens fazem com menos esforço cognitivo.
Os neurocientistas
inventaram um acrônimo para esse fenômeno: HAROLD (sigla em inglês para
hemispheric asymmetry reduction in older adults ou redução da assimetria dos
hemisférios em idosos). A maioria acredita que isso representa uma
reorganização geral e o enfraquecimento das funções do cérebro que ocorrem com
a idade.
Mas os cientistas não
sabem se esse fenômeno é inevitável no envelhecimento e se poderia ser
retardado ou mesmo prevenido com mudanças no estilo de vida.
Essa possibilidade
atraiu a atenção de Hideaki Soya, professor de Exercícios e Neuroendocrinologia
na Universidade de Tsukuba no Japão, que estuda os efeitos dos exercícios no
cérebro.
Para o novo estudo,
que será publicado no mês que vem na Neuroimage, Soya e seus colegas recrutaram
60 homens japoneses com idade entre 64 e 75 anos que não apresentavam nenhum
sinal de demência ou outro declínio cognitivo sério.
Eles testaram a
capacidade aeróbica de cada um deles no laboratório.
Em um outro dia,
colocaram na testa e na cabeça de cada voluntário uma série de pequenos
eletrodos. Os eletrodos usavam luz infravermelha para destacar o fluxo
sanguíneo e a absorção de oxigênio em várias partes do cérebro.
Com os eletrodos no
lugar, os voluntários completaram testes computadorizados complexos durante os
quais nomes de cores apareciam impressos com uma cor diferente. A palavra azul
aparecia em letras amarelas, por exemplo, e os voluntários deviam apertar
teclas correspondentes ao nome, mas não à cor, da palavra.
Esse teste faz
demandas consideráveis na atenção e na tomada de decisão da pessoa e, em
jovens, foi demonstrado que acende drasticamente o hemisfério esquerdo do
córtex pré-frontal.
Mas quando os
cientistas examinaram a atividade cerebral desses idosos, descobriram que, na
maioria, o teste exigiu atividade do hemisfério direito. Eles precisavam de
mais contribuição de seus cérebros para completar a tarefa, demonstrando o
padrão de atividade de redução na assimetria dos hemisférios.
No entanto, os
voluntários mais condicionados aerobicamente não seguiram esse padrão. Eles
mostraram pouca ou nenhuma ativação no hemisfério direito; precisaram apenas do
hemisférios esquerdo para cumprir a tarefa.
Em termos de atenção
em tomada rápida de decisão, seus cérebros trabalharam como aqueles das pessoas
mais jovens. Eles também foram mais rápidos e mais precisos na hora de apertar
as teclas, indicando que participaram e responderam melhor do que os
voluntários menos condicionados fisicamente.
No geral, os
resultados sugerem que um "condicionamento aeróbico maior está associado a
uma função cognitiva melhor". O cérebro de pessoas mais em forma requer
menos recursos para completar tarefas do que o de pessoas sedentárias.
O estudo foi apenas
de observação e não prova que o condicionamento muda a maneira de pensar,
apenas que os mais em forma tinham um padrão de ativação do cérebro diferente.
A pesquisa não
observou os hábitos de exercícios, apenas os condicionamentos aeróbicos. Em
geral, as pessoas mais velhas e em forma andam, correm ou fazem exercícios
moderados regularmente como nadar, diz Soya. Mas ele e seus colegas não
examinaram diretamente se os exercícios afetam a ativação do cérebro.
O mais importante
talvez seja que esse estudo e outros que examinam o fenômeno da redução de
assimetria não indicaram que é ele necessariamente um precursor de declínio
mental. Nenhum dos voluntários de Soya tinha problemas cognitivos, mesmo quando
contavam bastante com a assimetria na hora de resolver os testes.
Mas, diz Soya, os
homens menos condicionados tinham cérebros que funcionavam de maneira menos
esperta do que aqueles mais em forma, e pode-se esperar que o problema progrida
mais rapidamente aumentando as dificuldades com a memória e o pensamento.
O lado bom das
descobertas, explica ele, é que exercícios diários leves, como andar e correr
devagar podem afetar a maneira como o cérebro funciona, assim, a mente de uma
pessoa mais velha "age como a de uma mais nova".
Nenhum comentário:
Postar um comentário