Espécie ameaçada de
extinção, de acordo com lista do Ministério do Meio Ambiente, oito golfinhos
conhecidos como botos-cinza foram encontrados mortos este ano na região de
Ilhéus (a 472 km de Salvador), onde também foram localizados, nos últimos oito
meses, carcaças de 72 tartarugas-marinhas.
Os últimos dois
botos-cinza descobertos no litoral sul de Ilhéus na última segunda-feira eram
mãe e filho. Os animais marinhos da espécie Sotalia guianensis tinham uma média
de mortandade na região entre dois e três por ano.
De acordo com a bióloga
Stella Tomás, que disse estar assustada com a frequência na localização das
carcaças, “até o momento a maioria dos casos possui interação com a atividade
pesqueira”.
Ela coordena uma equipe
de voluntários do Projeto (A)Mar, que desde 2015 está fazendo o acompanhamento
dos casos em uma faixa de 212 km do litoral baiano, entre os municípios de
Maraú e Canavieiras.
Além dos golfinhos, o
projeto acompanha a mortandade de tartarugas, que, na atual temporada
reprodutiva (entre outubro 2018/junho 2019), contabiliza mais de 70 encontradas
mortas, a maioria da espécie Chelonia mydas, popularmente conhecida como verde.
Para a bióloga, a
principal causa da morte de animais marinhos se deve à pesca de arrasto “feita
de forma negligente e sem os equipamentos que evitam a captura incidental. A
pesca tradicional mantém as redes de pesca fixas próximas aos costões rochosos
e fechando as bocas dos rios, onde os animais ficam emalhados”.
Conforme o médico veterinário
do projeto (A)Mar, Wellington Laudano, a causa da morte da maioria dos animais
é por afogamento, pois eles ficam presos nas redes e não conseguem emergir para
respirar.
Ele alerta que alguns
destes animais chegam a ser devolvidos ao mar sem a devida orientação e acabam
morrendo. “Podem estar acometidos de embolia gasosa e deveriam estar sob
cuidados médicos veterinários”, enfatizou, salientando que ao invés de jogar o
animal machucado na água, as pessoas devem encaminha-lo à equipe de profissionais
habilitados.
Laudano destacou que
existem dispositivos, como o Turtle Excluder Device (TED’s), que permitem a
tartarugas e botos-cinza se livrarem das malhas de rede e escaparem. “Para as
redes de arrasto de camarão, o uso deste dispositivo é obrigatório desde 1994”,
disse.
O projeto (A)Mar é
desenvolvido por profissionais voluntários, com ações de educação ambiental com
as comunidades litorâneas, escolas e grupos de pescadores.
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