Receber o diagnóstico
correto na hora certa é algo que pode ter um enorme impacto na vida de alguém.
No campo da psiquiatria, isso tem sido um desafio enorme por inúmeras questões,
que envolvem desde o medo que os pacientes tem, de serem estigmatizados, até a
própria complexidade de muitos quadros, como os de transtorno bipolar.
Pessoas com o
transtorno vivenciam episódios alternados de depressão e de mania, esta última
caracterizada por euforia, excesso de energia, pouco sono e comportamento
impulsivo. Apesar da gravidade dos sintomas, muitos pacientes demoram para
receber o tratamento adequado, como alertam especialistas de diferentes países
em um artigo publicado esta semana na revista The Lancet Psychiatry.
Atrasar o controle do
transtorno pode ter um impacto importante na qualidade de vida e no futuro dos
pacientes, enfatizam os pesquisadores, do King`s College de Londres, no Reino
Unido, da Universidade de Melbourne e do centro Orygen, na Austrália, e também
da Universidade de British Columbia, no Canadá.
De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno afeta cerca de 60 milhões de
pessoas em todo o mundo. Para receber o diagnóstico, um paciente deve ter
experimentado ao menos um episódio de mania. O problema é que, em geral, a
pessoa não percebe que algo está errado nessa fase. Ela se sente bem, como se
fosse capaz de qualquer coisa.
Nas fases de euforia, é
comum que o comportamento impulsivo leve a pessoa a situações de risco, como
exagerar nas compras, no sexo ou na bebida, ter problemas de relacionamento ou
até comprometer os estudos ou o trabalho. Passado o episódio, é comum surgir a
vergonha. É por isso que o tratamento preventivo é tão importante, bem como o
acompanhamento psicológico.
Os pesquisadores
descobriram que pessoas com transtorno bipolar apresentam um risco 50 vezes
maior de se machucar do que aqueles sem a condição. E o risco de suicídio é
quase 12 vezes mais alto nesses pacientes, segundo o estudo.
Eles também afirmam que
cerca de metade das pessoas desenvolve sintomas antes dos 21 anos. No entanto,
pode levar cerca de seis anos ou mais até o diagnóstico correto e o tratamento
mais adequado
Os autores observam que
faltam diretrizes mais claras para os médicos que realizam os primeiros
atendimentos, até porque faltam pesquisas com pacientes que foram
diagnosticados cedo. Como falta informação e o próprio paciente não reconhece o
problema, o serviço de saúde acaba sendo acessado somente numa situação de
emergência ou nos episódios depressivos. Nessas situações, sem o histórico da
pessoa, pode ser difícil fazer o diagnóstico correto e o ciclo vicioso se
repete.
Como sempre, a
participação da família é essencial no processo. Embora o tratamento do
transtorno bipolar não seja simples, é perfeitamente possível ter uma vida
plena e bem-sucedida com ele.
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