quinta-feira, 27 de junho de 2019

TRATAMENTO PRECOCE DO TRANSTORNO BIPOLAR AINDA É UM DESAFIO...



        

Receber o diagnóstico correto na hora certa é algo que pode ter um enorme impacto na vida de alguém. No campo da psiquiatria, isso tem sido um desafio enorme por inúmeras questões, que envolvem desde o medo que os pacientes tem, de serem estigmatizados, até a própria complexidade de muitos quadros, como os de transtorno bipolar.

Pessoas com o transtorno vivenciam episódios alternados de depressão e de mania, esta última caracterizada por euforia, excesso de energia, pouco sono e comportamento impulsivo. Apesar da gravidade dos sintomas, muitos pacientes demoram para receber o tratamento adequado, como alertam especialistas de diferentes países em um artigo publicado esta semana na revista The Lancet Psychiatry.

Atrasar o controle do transtorno pode ter um impacto importante na qualidade de vida e no futuro dos pacientes, enfatizam os pesquisadores, do King`s College de Londres, no Reino Unido, da Universidade de Melbourne e do centro Orygen, na Austrália, e também da Universidade de British Columbia, no Canadá.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno afeta cerca de 60 milhões de pessoas em todo o mundo. Para receber o diagnóstico, um paciente deve ter experimentado ao menos um episódio de mania. O problema é que, em geral, a pessoa não percebe que algo está errado nessa fase. Ela se sente bem, como se fosse capaz de qualquer coisa.

Nas fases de euforia, é comum que o comportamento impulsivo leve a pessoa a situações de risco, como exagerar nas compras, no sexo ou na bebida, ter problemas de relacionamento ou até comprometer os estudos ou o trabalho. Passado o episódio, é comum surgir a vergonha. É por isso que o tratamento preventivo é tão importante, bem como o acompanhamento psicológico.

Os pesquisadores descobriram que pessoas com transtorno bipolar apresentam um risco 50 vezes maior de se machucar do que aqueles sem a condição. E o risco de suicídio é quase 12 vezes mais alto nesses pacientes, segundo o estudo.

Eles também afirmam que cerca de metade das pessoas desenvolve sintomas antes dos 21 anos. No entanto, pode levar cerca de seis anos ou mais até o diagnóstico correto e o tratamento mais adequado
Os autores observam que faltam diretrizes mais claras para os médicos que realizam os primeiros atendimentos, até porque faltam pesquisas com pacientes que foram diagnosticados cedo. Como falta informação e o próprio paciente não reconhece o problema, o serviço de saúde acaba sendo acessado somente numa situação de emergência ou nos episódios depressivos. Nessas situações, sem o histórico da pessoa, pode ser difícil fazer o diagnóstico correto e o ciclo vicioso se repete.

Como sempre, a participação da família é essencial no processo. Embora o tratamento do transtorno bipolar não seja simples, é perfeitamente possível ter uma vida plena e bem-sucedida com ele.

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