FONTE: , Bruno Vaiano, https://www.msn.com/
A evolução humana não tem nada a ver com a
imagem clichê da escadinha: um chimpanzé se tornando um Homo
sapiens por meio de passos graduais e sucessivos, que levam
diretamente do ponto A ao ponto B.
Na
verdade, a evolução biológica de qualquer espécie se assemelha ao crescimento
de mais um galho em uma árvore já existente. E uma ótima ilustração disso é que
houve dezenas de espécies do gênero Homo antes do Homo
sapiens.
Algumas
delas foram de fato nossas ancestrais. Outras evoluíram em paralelo e
conviveram conosco. E algumas fizeram as duas coisas. Por exemplo: o H. sapiens atual
descende de uma espécie chamada Homo
erectus. Mas os H. erectus não
deixaram de existir quando nossa linhagem se ramificou da deles.
Na
verdade, H. sapiens já praticamente idênticos a nós provavelmente
conviveram com os baixinhos H.
erectus por milhares de anos.
Assim como interagiram (e se reproduziriam) com os homens de Neandertal e
Denisova, que já eram muito parecidos conosco.
Uma
nova análise de um achado antigo – um crânio encontrado em 1933 durante a
construção de uma ponte na cidade de Harbin, nordeste da China – propõe que o
osso de no mínimo 146 mil anos pertecenceu a uma nova espécie do gênero Homo chamada Homo longi, e apelidada
de "homem-dragão".
A
pesquisa saiu em três artigos no periódico
especializado The Innovation e
é assinada por paleonantropólogos da Universidade Hebei GEO na China em
parceria com colaboradores de outros países.
De
dragão o tal homem não tem nada, mas seria meio monótono apelidá-lo de homem de
Harbin, como se fez com os neandertais e denisovanos. Ele tudo tudo a ver com
os dois, diga-se:
O
solo de Harbin que abrigava o fóssil foi datado em algo entre 309 mil e 138 mil
anos, justamente a época da irradiação de espécies mais recentes do
gênero Homo. Havia nós na África, os neandertais na Europa e os
denisovanos no leste e sudeste da Ásia. Haveria resquícios do genoma de Homo longi no
genoma dos humanos modernos, como ocorre com os outros dois?
Outra
possibilidade é que o crânio do Homo
longi na verdade pertença a um
denisovano. É impossível saber sem coleta e análise de DNA, porque não fazemos
a menor ideia de qual cara tinham nossos parentes asiáticos. Os conhecemos por
meio de pequenos fragmentos de ossos (o maior deles é um pedaço de mandíbula
encontrada no Tibete), insuficientes para traçar qualquer conclusão sólida
sobre sua anatomia.
De
resto, toda a informação disponível sobre os denisovanos provém do
sequenciamento de fragmentos de DNA preservados – extraídos não só
dos ossos em si mas também do solo de duas cavernas em que esses hominídeos
viveram. (Entenda melhor na nossa reportagem especial.)
Na Folha, os pesquisadores explicaram ao jornalista Reinaldo José
Lopes que só teremos um retrato fiel dos denisovanos quando encontrarmos um
crânio com DNA preservado que possa ser indiscutivelmente atribuído à espécie.
A evidência genética precisa ver no mesmo pacote do fóssil.
Caso
o homem dragão seja mesmo uma espécie diferente, então ele é a mais próxima de
nós do ponto de vista morfológico, na frente inclusive dos neandertais. Em
linhas gerais, o Homo longi se destaca pelo cabeção (seu crânio, mais baixo e
achatado, tinha volume superior ao do sapiens), os molares grandes (que são uma característica típica
de diversos hominídeos) e um toro supraorbital (nome dos arcos sobre as
sobrancelhas) bastante avantajado.
Em
resumo, tinha menos carinha de criança do que o sapiens, ainda que já
fosse bastante semelhante. Dá só uma olhada na reconstituição proposta pelo
estudo:
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