quarta-feira, 30 de junho de 2021

CÂNCER DE PULMÃO: MEDICINA DE PRECISÃO AUMENTA SOBREVIDA EM ATÉ 7 VEZES...

FONTE: Do VivaBem, em São Paulo, https://www.uol.com.br/

Uma terapia desenhada para agir em um gene alterado específico em determinado tipo de tumor. Essa tecnologia, que levou à Era da Medicina de Precisão, é hoje utilizada para tratar câncer de pulmão.

Ao contrário do início do milênio, quando todo tumor pulmonar era tratado com quimioterapia, hoje os pacientes, antes de iniciar o tratamento, podem receber a indicação de teste de mutação em EGFR, BRAF, ROS-1, KRAS, fusão EML4-ALK, rearranjo em NTRK, dentre outras alterações genéticas para as quais há medicamentos com eficácia comprovada para perfis de pacientes com câncer de pulmão avançado.

Esse arsenal reflete em mais tempo e qualidade de vida para o paciente. Comparativamente, se em 2020, com tratamento restrito à quimioterapia, os pacientes com câncer de pulmão agressivo e metastático tinham sobrevida média de 12 meses, as terapias-alvo e, mais recentemente, as imunoterapias, permitem que os pacientes com câncer de pulmão, que têm indicação e acesso à esse tipo de tecnologia, tenham média de até 90 meses de sobrevida e com menor toxidade.

O acesso dos pacientes à terapia alvo é essencial. Isso porque a cirurgia não é a opção de escolha para o câncer de pulmão que é diagnosticado em fase avançada (o que representa 75% dos casos).

Os principais genes que atuam como marcadores terapêuticos são o EGFR (presente em cerca de 25% dos casos de câncer de pulmão), ALK (7%), ROS/BRAF/HER-2 e K-RAS (que juntos representam cerca de 7%).

Dentre as terapias-alvo, a mais recentemente aprovada (em 28 de maio) pela agência reguladora dos Estados, a Food and Drug Administration (FDA) é o sotorasibe, primeiro tratamento para pacientes adultos com câncer de pulmão de células não pequenas cujos tumores têm a mutação KRAS G12C e que receberam pelo menos uma terapia sistêmica anterior.

As mutações denominadas KRAS G12C representam cerca de 13% das mutações em cânceres de pulmão de células não pequenas.

Em termos de pesquisa de biomarcador, seleção molecular e medicina de precisão o câncer de pulmão está na frente, explica o médico patologista Felipe D´Almeida Costa, da comissão organização da Jornada de Patologia. Para os pacientes que não apresentam mutações em genes para os quais há terapia-alvo, pode ser indicada a imunoterapia.

"A imunoterapia preenche essas lacunas. Os pacientes podem receber quimioterapia e imunoterapia concomitantemente ou apenas imunoterapia. Depende das características de expressão de PD-L1 no tumor. Quanto mais expresso - e isso o médico patologista investiga por imuno-histoquímica - mais propenso será o paciente a responder ao tratamento", afirma Costa, que é diretor de Ensino da Sociedade Brasileira de Patologia, titular do Departamento de Anatomia Patológica do A.C.Camargo Cancer Center e Coordenador Médico de Educação da Patologia da Dasa.

Nova classificação da OMS para câncer de pulmão.

O 5º volume da Classificação de Tumores Torácicos, editado pela Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS), o tradicional "blue book", que padroniza mundialmente o diagnósticoA publicação, traz a atualização mundial sobre câncer na região torácica, amplia a diferenciação entre tumores pulmonares in situ (que podem ser tratados exclusivamente com ressecção cirúrgica) e invasivos (que demandam tratamento sistêmico).

A obra conta com o médico patologista da SBP, Fábio Távora, como um dos autores e a contribuição brasileira inclui o também médico patologista Fernando Augusto Soares, conselheiro consultivo da SBP e integrante do Comitê Gestor dos Blue Books da OMS.

A principal mudança neste sentido se refere aos tumores até então classificados como bronquioloalveolares.

Essa definição, que representa cerca de 10% dos adenocarcinomas de pulmão, caiu na nova atualização. Os adenocarcinomas do então subtipo bronquioalveolar agora são descritos como in situ quando há a ausência de invasão estromal, vascular ou pleuras; minimamente invasivos e os demais como as diversas variantes de invasivos.

Dentre as importantes atualizações trazidas no novo volume estão também a definição de novas entidades para tumores raros, como carcinoma de células claras hialinizantes do pulmão, tumor indiferenciado SMARCA4-deficiente e carcinoma sarcomatóide como variante.

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