FONTE: Do VivaBem, em São Paulo, https://www.uol.com.br/
Uma
terapia desenhada para agir em um gene alterado específico em determinado tipo
de tumor. Essa tecnologia, que levou à Era da Medicina de Precisão, é hoje
utilizada para tratar câncer de pulmão.
Ao
contrário do início do milênio, quando todo tumor pulmonar era tratado com
quimioterapia, hoje os pacientes, antes de iniciar o tratamento, podem receber
a indicação de teste de mutação em EGFR, BRAF, ROS-1, KRAS, fusão EML4-ALK,
rearranjo em NTRK, dentre outras alterações genéticas para as quais há
medicamentos com eficácia comprovada para perfis de pacientes com câncer de
pulmão avançado.
Esse
arsenal reflete em mais tempo e qualidade de vida para o paciente.
Comparativamente, se em 2020, com tratamento restrito à quimioterapia, os
pacientes com câncer de pulmão agressivo e metastático tinham sobrevida média de
12 meses, as terapias-alvo e, mais recentemente, as imunoterapias, permitem que
os pacientes com câncer de pulmão, que têm indicação e acesso à esse tipo de
tecnologia, tenham média de até 90 meses de sobrevida e com menor toxidade.
O
acesso dos pacientes à terapia alvo é essencial. Isso porque a cirurgia não é a
opção de escolha para o câncer de pulmão que é diagnosticado em fase avançada
(o que representa 75% dos casos).
Os
principais genes que atuam como marcadores terapêuticos são o EGFR (presente em
cerca de 25% dos casos de câncer de pulmão), ALK (7%), ROS/BRAF/HER-2 e K-RAS
(que juntos representam cerca de 7%).
Dentre
as terapias-alvo, a mais recentemente aprovada (em 28 de maio) pela agência
reguladora dos Estados, a Food and Drug Administration (FDA) é o sotorasibe,
primeiro tratamento para pacientes adultos com câncer de pulmão de células não
pequenas cujos tumores têm a mutação KRAS G12C e que receberam pelo menos uma
terapia sistêmica anterior.
As
mutações denominadas KRAS G12C representam cerca de 13% das mutações em
cânceres de pulmão de células não pequenas.
Em
termos de pesquisa de biomarcador, seleção molecular e medicina de precisão o
câncer de pulmão está na frente, explica o médico patologista Felipe D´Almeida
Costa, da comissão organização da Jornada de Patologia. Para os pacientes que
não apresentam mutações em genes para os quais há terapia-alvo, pode ser
indicada a imunoterapia.
"A
imunoterapia preenche essas lacunas. Os pacientes podem receber quimioterapia e
imunoterapia concomitantemente ou apenas imunoterapia. Depende das
características de expressão de PD-L1 no tumor. Quanto mais expresso - e isso o
médico patologista investiga por imuno-histoquímica - mais propenso será o
paciente a responder ao tratamento", afirma Costa, que é diretor de Ensino
da Sociedade Brasileira de Patologia, titular do Departamento de Anatomia
Patológica do A.C.Camargo Cancer Center e Coordenador Médico de Educação da
Patologia da Dasa.
Nova classificação da OMS para câncer de pulmão.
O
5º volume da Classificação de Tumores Torácicos, editado pela Agência
Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde
(IARC/OMS), o tradicional "blue book", que padroniza mundialmente o
diagnósticoA publicação, traz a atualização mundial sobre câncer na região
torácica, amplia a diferenciação entre tumores pulmonares in situ (que podem
ser tratados exclusivamente com ressecção cirúrgica) e invasivos (que demandam
tratamento sistêmico).
A
obra conta com o médico patologista da SBP, Fábio Távora, como um dos autores e
a contribuição brasileira inclui o também médico patologista Fernando Augusto
Soares, conselheiro consultivo da SBP e integrante do Comitê Gestor dos Blue
Books da OMS.
A
principal mudança neste sentido se refere aos tumores até então classificados
como bronquioloalveolares.
Essa
definição, que representa cerca de 10% dos adenocarcinomas de pulmão, caiu na
nova atualização. Os adenocarcinomas do então subtipo bronquioalveolar agora
são descritos como in situ quando há a ausência de invasão estromal, vascular
ou pleuras; minimamente invasivos e os demais como as diversas variantes de
invasivos.
Dentre
as importantes atualizações trazidas no novo volume estão também a definição de
novas entidades para tumores raros, como carcinoma de células claras
hialinizantes do pulmão, tumor indiferenciado SMARCA4-deficiente e carcinoma
sarcomatóide como variante.
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