sexta-feira, 2 de outubro de 2009

JÚRI CONDENA SUPOSTO LÍDER DO PCC A 29 ANOS POR MORTE DE JUIZ EM SP...

FONTE: Rosanne D'Agostino, do UOL Notícias, em São Paulo.
Júlio César Guedes de Moraes, o Julinho Carambola, foi condenado nesta sexta-feira (2) pelo Tribunal do Júri de São Paulo pela morte de um juiz-corregedor de Presidente Prudente, interior paulista. O julgamento, que durou mais de 14 horas, foi encerrado por volta das 4h45 no Fórum da Barra Funda, zona oeste de SP.
Carambola e Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, supostos líderes da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), são acusados de serem mandantes do assassinato do magistrado Antonio José Machado Dias, 47, juiz-corregedor dos Presídios e da Vara de Execuções Criminais de Presidente Prudente, morto com dois tiros no dia 14 de março de 2003, na saída do fórum da cidade. Os dois estão presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, a oeste do Estado.Quase sete anos depois do crime, seis das sete pessoas do júri decidiram que Carambola é culpado pelo assassinato, cometido com motivo torpe e sem chance de defesa da vítima, qualificadoras que aumentaram a pena. A defesa afirmou que irá recorrer da sentença.O júri.Carambola chegou ao fórum por volta das 11h30 da quinta (1º), sob forte escolta policial. Debates da defesa e acusação começaram por volta das 21h30, mas o juiz Alberto Anderson, que presidiu o júri, manteve a sessão até a madrugada.O promotor Carlos Marangoni Talarico defendeu a existência da facção e disse que Carambola tinha motivos para cometer o crime, pois o juiz era visto como rígido pelos presos. Em seguida, o advogado Claudio Márcio de Oliveira argumentou que não há provas concretas contra o seu cliente.
Em seu interrogatório, Carambola afirmou que não fazia parte da facção e que não planejou o crime. Antes, testemunhas de acusação disseram que Carambola era um dos líderes da facção, responsável por planejar e executar o crime. Já as testemunhas da defesa deram detalhes da rotina na prisão e sobre as investigações. O objetivo do advogado era comprovar que não há provas concretas que liguem seu cliente ao fato. Abandono de júri.
O julgamento de Marcola também aconteceria na tarde de ontem, mas, minutos após o início da sessão, que teve início às 14h30, seu advogado, Roberto Parentoni discutiu com o juiz Alberto Anderson porque teve negado pedido para adiar o júri. Ele alegou cerceamento de defesa, por não ter acesso aos autos e tempo para falar com seu cliente, e deixou o plenário."Não é a questão do Marcos [Marcola]. Está em jogo o Estado Democrático de Direito", disse. Marcola não compareceu ao julgamento. Ainda não há nova data para o júri.
Entenda o caso.
O juiz foi baleado por volta das 18h30 após seu Vectra ser fechado por dois outros veículos. Um Uno foi abandonado próximo ao local do crime. O motivo seria o descontentamento da facção com a atuação do magistrado, considerado duro ao julgar os pedidos de presos. Machado analisava pedidos de benefícios dos presidiários e fiscalizava o cumprimento de pena em sete penitenciárias da região de Presidente Prudente. Da jurisdição faz parte o Centro de Readaptação Penitenciária de Presidente Bernardes (589 km de SP), unidade de segurança máxima onde está presa a maioria dos líderes do PCC.
As investigações.
Cerca de duas semanas após o assassinato, a polícia concluiu que a ordem havia partido do tido como principal líder do PCC de dentro da Penitenciária 1 de Avaré (262 km a oeste de SP). Três dias depois da morte, um bilhete foi apreendido na prisão.
A mensagem dizia: "se realmente foi isso, hoje virá algum salve para você. A caminhada é a seguinte: o Machado foi nesta. Passou em todo o jornal lá da cidade e de São Paulo. Esse salve veio hoje pelo pessoal. Foi a Fia [suposta mensageira do PCC] que passou. Acredito eu que é a caminhada do câncer, pois a operação que faltava foi marcada e o paciente operado. Ela pediu para dizer que tinham matado o Machado".Marcola nega ter ligação com o homicídio. Três de outros quatro acusados já foram condenados pelo crime. João Carlos Rangel Luisi, o Jonny, pegou 19 anos de reclusão em regime fechado; Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal, 30 anos de reclusão em regime fechado e Ronaldo Dias, o Chocolate, 16 anos e oito meses de prisão. Adilson Daghia, o Ferrugem, ainda não foi julgado.

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