sábado, 24 de outubro de 2009

MULHER ASSUME O OFÍCIO DE SAPATEIRO...

FONTE: Cristiane Flores (TRIBUNA DA BAHIA).

Um ofício que sobrevive há séculos, o sapateiro resiste ao tempo mesmo com a variedade de sapatos de todos os valores e gostos que se tem acesso. Esta profissão surgiu no Egito, entre os anos 2.000 a 3.000 AC (Antes de Cristo), tradicionalmente masculina, atualmente começa a dar espaço a mulheres. Neste domingo os sapateiros comemoram seu dia com a certeza que este ofício está longe de se extinguir.A sapateira Andreia Bahia contou que começou a trabalhar no ofício por falta de opção. “Estava desempregada, meu marido é sapateiro e possui esta loja com meu cunhado, então ele me ensinou o ofício e para não ficar em casa sem fazer nada, comecei a vir pra cá ajudá-lo. Hoje adoro o que eu faço e fico feliz de trabalhar para mim mesma”, afirma.Ela disse ainda que não perde a vaidade mesmo trabalhando numa profissão masculina. “Sou mulher independentemente de ser sapateira, gosto de me cuidar e minha profissão não atrapalha nisso, uso proteção nos dedos, para que a linha não corte minha mão e pronto, o resto é tranquilo”. Com relação ao ofício Andreia destacou: “Para mim é uma terapia, eu não tive muita dificuldade de aprender, além disso, é ótimo por que sempre conhecemos gente, os clientes vem aqui conversam contam sua história. Ganho um dinheirinho bom e o melhor de tudo é não ter que trabalhar para os outros”, conclui.Perinalvo Melo de Gonçalves, sapateiro há 35 anos, recorda como começou no ofício que ensinou para o irmão, Perivaldo, que trabalha com ele na sapataria localizada no Taboão. “Aprendi a ser sapateiro com 16 anos, numa fábrica de calçados chamada Usiarte, que vendia os sapatos para Tamba e Santana. Além de saber consertar, eu sei fabricar também. No entanto, hoje não tem vantagem em fabricar e passar para um revendedor, só vale a pena fabricar sapato por encomenda, consertar continua tendo uma grande procura. Por isso a maioria dos sapateiros hoje só querem consertar”, afirma.Segundo Perinalvo, existe uma dificuldade de iniciar jovens no ofício de sapateiro, por conta do desinteresse. “Lembro que minha mãe procurou seu Oswaldo, trabalhava na Usiarte e pediu que ele me ensinasse a fabricar sapatos, mas ela pediu que ele não me pagasse nada, pois ela queria que aprendesse uma profissão, depois quando eu já estava dominando o ofício, seu Oswaldo passou a me pagar escondido. Infelizmente, hoje, os jovens que eu coloco aqui não têm interesse em aprender a ser sapateiro, por isso só dou oportunidade quando vejo um interesse em aprender o ofício”.O irmão de Perinalvo, Perivaldo, conhecido como Pepe, afirma, “Ele é meu irmão mais velho e foi quem me ensinou a ser sapateiro. Na época, foi a primeira oportunidade de trabalho que eu encontrei. Hoje afirmo que não me imagino fazendo outra coisa, sou apaixonado pelo que eu faço, principalmente porque trabalho para mim mesmo”. “Enquanto existir calçado nosso ofício sempre vai existir. Sapato de plástico é o único que se rasgar não tem conserto, o resto todos tem jeito”, concluí Perinalvo.Domingo, dia 25, dia do sapateiro, se homenageia também os seus santos padroeiros: São Crispim e São Crispiniano: Eles eram irmãos, nascidos em Roma e pertenciam a uma família cristã muito rica. Foram para a Gália, atual França, para propagarem a fé em Cristo, onde trabalharam como sapateiros.

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