sexta-feira, 9 de julho de 2010

BRINCADEIRA ARRISCADA...

FONTE: Karina Baracho, TRIBUNA DA BAHIA.
“Criança cega a gente”. Essa é uma das frases mais populares ditas por pais, principalmente se os filhos têm entre um e 10 anos de idade. No inverno, os acidentes domésticos com crianças aumenta, segundo dados da Organização Não Governamental (Ong), Criança Segura. A escaldadura quando o líquido entorna sobre a pessoa – é uma das principais causas de queimaduras entre as crianças.
Conforme dados do Ministério da Saúde, apenas em 2007, 15.392 crianças foram internadas vítimas de queimaduras com líquidos quentes e outras fontes de calor, queimaduras com fogo ou choque elétrico. Na Bahia este número foi de 1.261 entre crianças menores e maiores de cinco anos. Já no ano de 2008 o número reduziu para 648, porém, ainda é considerado alto pelos especialistas.
“As crianças são mais vulneráveis pois têm a pele mais fina. O que significa menor proteção. Além disso elas (as crianças) não têm noção de perigo e sempre se colocam em situações de risco”, explica o dermatologista Adriano Guedes. Conforme ele, queimaduras com líquidos quentes, principalmente a água são as principais causas de internamento dos pequenos no setor de queimados. “São bastante curiosos e tem necessidade de observar e pegar todas as coisas”, acrescenta ele.
De acordo com a psicóloga infantil Roberta Oliveira, as crianças que sofrem estes tipos de acidentes devem ter uma atenção especial. “Estão mais fragilizadas, deprimidas e muitas ficam estressadas. Podendo gerar diversos traumas, principalmente porque muitas se sentem diferentes das outras com as cicatrizes”. Outra questão sinalizada pela profissional foi em relação às mães. “Muitas se sentem culpadas com a situação, o que não é verdade. As crianças são muito ativas”.
A operadora de caixa Juliana Leite Oliveira Barbosa, 23 anos, sabe exatamente como é tal sensação. Mãe da pequena Emilly, de apenas 2 anos, ela se desesperou ao ouvir os gritos da filha. “Estava na sala e ela na cozinha com a minha sogra de repente ouvi os gritinhos dela dizendo ‘queimou’”. Ao chegar no local ela percebeu a proporção do acidente. “O braço direito e a barriga foram muito atingidos. Às vezes penso que a culpa é minha”, diz Juliana, ainda muito emocionada.
Cinco dias depois do ocorrido a pequena fez uma cirurgia, já saiu da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) e até já mudou de ala. “Está ótima em comparação a como chegou ao Hospital. Não chora e também não está sentindo dor. O que já me alivia bastante”. Juliana e o marido se revezam nos cuidados com a filha. “Ele passa o dia no hospital e eu vou à noite. Não deram previsão de alta para ela”, acrescenta.
Porém, alguns cuidados essenciais podem ser adotados para acabar com os acidentes. Evitar que a criança entre na cozinha, evitar toalhas de mesa – pois a criança pode puxar e acabar derrubando sobre ela alimentos e líquidos quentes –, cozinhar nas bocas de trás do fogão, sempre com os cabos das panelas virados para trás e evitar carregar as crianças no colo enquanto mexe em panelas.
Até um simples cafezinho pode provocar graves queimaduras na pele de um bebê. O álcool também é um dos principais riscos. Conforme a Ong Criança Segura, este produto deve ser evitado na cozinha, para o acendimento de lareiras ou até mesmo na limpeza. O uso de aquecedores também deve ser observado com atenção, a fim de se evitar acidentes.
Existem vários graus de queimadura, conforme a profundidade das feridas. Assim sendo, as queimaduras de primeiro grau são aquelas em que há comprometimento apenas da camada externa da pele, provocando uma intensa coloração vermelha no local afetado. Também pode aparecer um inchaço local. Em geral, não se formam bolhas e a pele se mantém íntegra.
As de segundo grau atingem uma porção mais profunda da pele, causando bolhas e rachaduras na pele, além de intensa dor e vermelhidão no local afetado Pode haver também sangramento pelas feridas. As bolhas podem aparecer até 12 horas após a queimadura e elas devem ser deixadas intactas, a não ser nos casos em que se tornem amareladas, com grande quantidade de líquido turvo, o que indica infecção.
Já as queimaduras de terceiro grau são aquelas bem mais profundas, atingindo todas as camadas da pele e deixando o local com uma cor acinzentada ou esbranquiçada, podendo-se ver até as camadas mais profundas como os músculos e ossos. Apesar das lesões serem bem piores, não há sangramento nem o paciente se queixa de dor. Essas queimaduras são as mais perigosas e necessitam cuidados médicos urgentes.

Um comentário:

  1. Parabéns por divulgar a questão da prevenção dos acidentes com crianças.
    Conheça o site da ONG Criança Segura. Lá você poderá interagir e conhecer pessoas que pensam como você.

    www.crianca-segura.org.br

    Abraços

    Allan Albuquerque
    allan@criancasegura.org.br

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