segunda-feira, 19 de julho de 2010

NOVA MALA DOS CARTEIROS É FRUTO DE DEZ ANOS DE PESQUISA...

FONTE: FLÁVIA MANTOVANI, DE SÃO PAULO (www1.folha.uol.com.br).

É uma bolsa. Mas não é qualquer bolsa. O novo acessório usado pelos carteiros do país não serve só para carregar correspondências: projetado com tecnologia de ponta, ele ajuda a aliviar o peso nos ombros, facilita a organização das cartas e evita que elas se molhem ou se danifiquem.
É bem possível que o carteiro da sua rua já esteja usando um novo modelo: a Grande São Paulo foi uma das regiões brasileiras escolhidas para receber a bolsa em primeiro lugar. Segundo os Correios, em breve todos os 8.064 profissionais que entregam correspondência de casa em casa por aqui já devem estar de bolsa nova.
O acessório, inspirado no que é usado pelo Royal Mail (o correio inglês), foi criado na Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) por pesquisadores especialistas em ergonomia. Até chegar ao modelo atual, foram vários protótipos, todos testados pelos carteiros. Para entender as necessidades desses profissionais, os engenheiros os acompanharam por dois anos, entrevistando-os e até filmando seu dia a dia.
"Tivemos que ser um pouco carteiros também. Prevaleceu a perspectiva de quem trabalha na área, para que conseguíssemos criar um artefato adequado à atividade deles", afirma Nilton Luiz Menegon, professor da Ufscar e coordenador do projeto. Segundo ele, a bolsa anterior --de lona, mais pesada, sem bolsos e não impermeável-- não atendia às necessidades desses profissionais.
O trabalho começou há mais de dez anos e envolveu mudanças não só nas bolsas mas também em uma série de equipamentos, processos e acessórios --do layout e mobiliário das unidades até a roupa usada pelos carteiros. Ela agora é de malha fria, tecido que não amassa, não desbota e é fácil de passar. O calçado ganhou mais conforto, com redução do atrito entre as costuras e os dedos dos pés e sola dupla (com material duro embaixo e macio na parte de cima).
O próximo passo deve ser um novo modelo para o escaninho de triagem de correspondência.
DORES NA COLUNA.
Por causa das cerca de quatro horas carregando até 10 kg (homens) e 8 kg (mulheres) por, em média, 7 km a 10 km, é comum os carteiros terem dores nas costas. "A maior causa de afastamento do trabalho são as doenças osteomusculares, muito relacionadas ao peso carregado", diz Simotea Hoffmeister, coordenadora de ergonomia dos Correios. A maior leveza da bolsa e a carga distribuída entre os dois ombros e os quadris --com a ajuda de alças transversais e cintos pélvicos-- reduziram o peso suportado em ao menos 20%.
O carteiro Manoel Sinval da Cunha, 58, considerou a bolsa nova a melhor das três que já usou. A primeira delas, de couro, era a mais pesada de todas. Com 37 anos de profissão, Sinval sabe de cor o início dos CEPs de cada bairro da cidade --atualmente, ele trabalha na região do 053, que abrange bairros como Vila Leopoldina e Rio Pequeno.
Sinval anda, em média, 5 km por dia. Ele aprovou a presença de bolsos internos e externos, que usa para guardar documentos.
A promessa dos Correios é que até o fim de 2010 todos os carteiros brasileiros tenham o novo acessório. Após um ano de uso, devem ser feitas novas avaliações, para ver se serão necessários ajustes. Na compra de 50,6 mil bolsas, foi gasto cerca de R$ 1,7 milhão.

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