FONTE: Lucy Andrade, TRIBUNA DA BAHIA.
O HPV está no topo do ranking das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) no Brasil. De acordo com Ministério da Saúde, cerca de 25% das mulheres brasileiras são portadoras do papiloma vírus, e a cada ano são registrados 137 mil novos casos no país. O que pouca gente sabe é que o desenvolvimento da doença é responsável por 90% dos casos de câncer de colo de útero, segunda causa de morte das mulheres, só perdendo para o câncer de mama. Na luta contra a doença, algumas clínicas particular oferecem vacinas, que depende do grau de proteção desejado - a bivalente custa R$200 e a quadrivalente R$399, cada dose, são necessário três.
A ginecologista Márcia Prado disse que quando a doença é descoberta precocemente há tratamentos que podem evitar o avanço para um câncer. “A incidência é grande, mas isso não quer dizer que todas as pessoas com o vírus vão ter câncer, existem vários tipos de HPV e nem todos são oncogênicos”, disse a ginecologista.
Conforme dados do Ministério da Saúde, o Brasil é um dos líderes mundiais em incidência de HPV. A explicação para tantos casos pode ter como causa o fato de a infecção do HPV se desenvolver de forma silenciosa no corpo humano. “A maioria das pessoas não apresenta nenhum sintoma ao contrair a doença e passam anos com o vírus, que dependendo do tipo, se não descoberto precocemente pode desenvolver um câncer. Também há casos do vírus regredir ou desaparecer, depende da imunidade da pessoa”.
O médico-ginecologista Fernando Costa Felix esclareceu que alguns tipos de HPV provocam verrugas que costumam se desenvolver na vulva, na vagina, no colo do útero, no pênis e em outras áreas. E geralmente são assintomáticas, podendo ser únicas ou múltiplas, pequenas ou grandes, e que se não tratadas, podem crescer em tamanho e número, adquirindo aspecto semelhante ao da “couve-flor”.
“Os tipos de HPV relacionados ao câncer do colo do útero, normalmente, não são os tipos que causam as verrugas genitais, estas costumam ser causadas por tipos de “baixo risco”. Geralmente, o HPV chamado de “alto risco” está mais relacionado ao desenvolvimento de câncer do colo do útero, vagina, vulva, pênis e ânus. Todos estes cânceres possuem tratamento e podem ser detectados precocemente através de exames simples e periódicos”, enfatizou.
Segundo o ginecologista, há duas categorias de HPV, a que pode causar o câncer - o oncogênico, e o não-oncogênico. “Há mais de 100 tipos desses vírus, os mais comuns são os de números 6, 11, 16 e 18, sendo que os responsáveis pelas verrugas genitais são os dos tipos 6 e 11 - lesões que incomodam e são eliminadas por cauterização e laser. Os tipos ligados aos casos de câncer são os do tipo 16 e 18. Mas, se a doença for descoberta no início, há chances de cura, se é detectado em um estágio avançado, o tratamento fica comprometido e as chances são mínimas”, explicou.
A descoberta do HVP causa geralmente traumas psicológicos e sexuais, muitas mulheres que têm o vírus disseram que a notícia da doença é traumatizante. “Você se sente impotente. Isso mexeu muito com a minha sexualidade e fiquei psicologicamente abalada, fiquei um ano sem ter relações, com medo e desconfiada de todos, mas isso porque eu tive relações sexuais sem camisinha”, disse a estudante de Direito Èrica Góes, 30 anos.
A estudante foi acometida com o HPV que provoca verrugas genitais, apesar de estar na lista das de “baixo risco”, Érica ficou com medo de desenvolver um câncer. “Realizei uma série de exames, depois desse dia, a cada seis meses eu vou ao ginecologista. O tratamento foi muito doloroso, o local afetado é queimado com ácido, não só nas verrugas, mas em todo arredor. Fiz dois procedimentos de queimação e depois fiquei usando creme, demorei mais de um mês fazendo o tratamento”, ressaltou a estudante.
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