FONTE: Tatiana Ribeiro, TRIBUNA DA BAHIA.
Apesar do avanço das políticas públicas através da criação da Lei Maria da Penha e da Central de Atendimento Contra a Mulher, Delegacias e Juizados especializados, a mulher ainda sofre com a violência. O assassinato das adolescentes Gabriela Alves Nunes, 13 anos, e Janaína Brito da Conceição, 16 anos, decapitadas na última sexta-feira, é um exemplo de que a criminalidade continua.
Nas duas delegacias especializadas de Salvador são registrados mais de 50 boletins de ocorrência por dia. Ontem foi comemorado o dia internacional pela não violência contra a mulher, e esse ano, a Bahia foi o estado escolhido para sediar a programação e o reafirmamento do Pacto Nacional pelo Enfrentamento a Violência contra as Mulheres.
Autoridades como o governador Jaques Wagner, a Ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Nilcéa Freire, a secretária de Políticas para Mulheres, Aparecida Gonçalves e a superintendente da Secretaria de Promoção da Igualdade do Estado da Bahia Valdeci Nascimento, estiveram presentes na solenidade de abertura, realizada no Hotel Fiesta.
A celebração da data se encerrou com um show na Concha Acústica dos grupos A Mulherada, Samba das Moças e dos cantores Tonho Matéria e Margaret Menezes.
Dados da Central de Atendimento à Mulher revelam que de abril de 2006 a outubro de 2010 foram registrados mais de 1 milhão e meio de atendimentos.
O perfil desses relatos mostra que 93,2% das denúncias são feitas pela própria vítima, 68,3% das vítimas sofrem crimes de lesão corporal leve e ameaça, 57,7% das vítimas sofrem agressões diariamente, 50,3% das vítimas se percebem risco de morte, 38% das vítimas tempo de relação com o agressor superior a dez anos. Segundo o governador da Bahia, a violência existe, mas o estado avança.
“Há o que comemorar pelo caminho que está sendo trilhado. A sede desse evento na Bahia mostra que a gente tem buscado o combate a discriminação e na luta contra a violência. Estou feliz porque iniciamos uma caminhada, mas é preciso que a sociedade também ajude porque o governo sozinho não resolve o problema”, declarou.
A ministra Nilcéia Freire, também tem uma visão otimista com relação a violência contra a mulher. “O Brasil avançou nesse sentido. A adesão dos estados ao pacto em 2008 ampliou a rede de atenção às mulheres. Os números mostram que as denúncias aumentaram. Hoje o Brasil sabe que tem a lei e a impunidade não é mais a regra.
Antes da Lei Maria da Penha, esses casos eram tratados no véu na impunidade e da vergonha. Hoje as coisas estão mudando”, comparou a ministra. De acordo com Valdeci Nascimento, a violência na Bahia tem um ranking significativo, principalmente para as mulheres negras e das classes mais baixas.
“É preciso mudar a cabeça da sociedade porque é um problema nosso. “Nós estamos avançando e com a reafirmação do pacto será feito um fortalecimento para o Estado na criação de políticas para o enfrentamento da violência.
É nítido também que o perfil das pessoas que buscam por ajuda são mulheres negras e humildes. Porém, é importante dizer que a violência é geral e atinge todas as classes sociais. É preciso que todas que sofrem liguem e acione o 180”, convocou a superintendente.
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