FONTE: Karina Baracho, TRIBUNA DA BAHIA.
De acordo com dados da Defesa Civil de Salvador (Codesal), a capital baiana possui cerca de 540 áreas de risco e aproximadamente 2.100 pontos de risco. Salvador também possui um dos maiores índices pluviométricos do País. Aliado ao relevo acidentado, ao crescimento desordenado e à falta de conhecimento das características morfológicas do solo, em períodos de chuva a incidência de desastres geológicos é grande, o que acontece desde o ano de 1550.
Essa questão foi tema da palestra: Desabamentos e desastres na falha de Salvador: um percurso histórico, com a professora Rosana Muñoz, durante o Seminário de Urbanização que acontece no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB). Durante a apresentação, Muñoz destacou os principais problemas que tem como consequência os desastres, além de histórias e fatos dessa natureza na cidade.
“O primeiro registro de desabamento durante um temporal aconteceu no ano de 1550, quando caiu parte dos muros de defesa da cidade”, disse a professora. Ela destacou também um fato coincidente, que foram as prováveis causas do desastre. “Possivelmente pela falta de estabilizante, brevidade na execução da obra e falta de motivação da mão de obra”, explicou.
Segundo a professora, nos anos seguintes os acidentes geológicos continuaram a acontecer na capital baiana. Por volta do ano de 1625 o desabamento de um casarão na Ladeira da Misericórdia e da Conceição da Praia – que foi cenário também este ano de um desabamento –, também durante uma chuva, resultou na morte de 30 pessoas.
“Situações como essa seguem até os dias atuais. É comum colocarmos a culpa apenas nas políticas públicas, mas existem outras várias maneiras de minimizar tais problemas que podem ser feitas por cada cidadão”.
De acordo com ela, a construção desordenada feita com materiais sem a qualidade necessária são potencializadores dos desastres. “Muitas não possuem uma drenagem adequada da água o que aumenta também o risco de escorregamento de terra”, ressaltou Muñoz. Outro destaque da professora foi em relação ao plantio inadequado de árvores de grande porte nas encostas.
“É comum vermos, por exemplo, bananeiras nestes locais. Essas árvores acumulam água na raiz e potencializam o risco de escorregamento de terra. Além dos fatores causados pelo homem, temos os naturais. A geologia da cidade é diferente, uma escarpa, com cidade alta e baixa”.
ATUAÇÃO E PREVENÇÃO.
Mesmo fora dos períodos de chuva, a Codesal vem realizando ações para minimizar o risco e a quantidade de acidentes geológicos na cidade. As ações consistem em oficinas, palestras, feiras, cursos e teatro de fantoches para as crianças. O objetivo é alertar a população sobre percepção de risco e como agir em situações de acidentes.
Mesmo fora dos períodos de chuva, a Codesal vem realizando ações para minimizar o risco e a quantidade de acidentes geológicos na cidade. As ações consistem em oficinas, palestras, feiras, cursos e teatro de fantoches para as crianças. O objetivo é alertar a população sobre percepção de risco e como agir em situações de acidentes.
“É um trabalho que nem aparece tanto, mas que é fundamental para os cidadãos. Orientamos desde a colocação adequada do lixo como desaconselhamos a autoconstrução”, disse o subsecretário da Codesal, Osny Bomfim. De acordo com ele, principalmente as áreas de vulnerabilidade precisam de uma atenção especial. “Fazemos monitoramento constante nas áreas mais críticas de Salvador e trabalhamos diretamente com as lideranças comunitárias”, acrescentou ele.
Outro destaque de Bomfim foi em relação aos casarões abandonados no Centro Antigo da cidade. “Há muito tempo realizamos o acompanhamento dessas edificações que culmina num relatório.
Destacamos as construções como tipo de risco de acidente de baixo a muito alto. Recentemente conseguimos junto à Defesa Civil Nacional um valor na ordem de R$ 6,5 milhões para o escoramento emergencial dos imóveis. O que já está sendo feito”, destacou Bomfim.
Ações minimizam riscos – A equipe de Apoio às Ações de Defesa Civil da Codesal realiza ações nas comunidades para minimizar o risco de acidentes geológicos. Um dos trabalhos é a visita a campo, onde os estudantes conhecem e aprenderam a identificar áreas degradadas. A equipe também destacou para os adolescentes a importância da preservação da natureza. Depois das aulas teóricas os jovens fazem visita a campo.
Outro destaque é o curso de capacitação para agentes comunitários de saúde e enfermeiros. O objetivo da ação é apurar a percepção de risco desses profissionais que atuam diretamente com a comunidade transformando-os em multiplicadores de defesa civil
O “Bingo do Conhecimento”, quando as crianças respondem perguntas relacionadas ao Sistema Municipal de Defesa Civil (SMDC), é uma atividade lúdico-pedagógica que permite que as crianças consigam mostrar o que aprenderam a partir das atividades realizadas. Todo o bingo foi feito com material reciclado, como tampinhas de garrafa.
A equipe realiza ainda o Curso de Capacitação, quando lideranças comunitárias e agentes de saúde assistem palestras e aprendem a identificar áreas de risco e como agir em casos de acidentes geológicos, além de participarem de oficinas de primeiros socorros e de materiais reciclados.
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