FONTE: Carolina Sarmento REPÓRTER, TRIBUNA DA BAHIA.
Ao longo dos anos a ciência vem evoluindo e contribuindo com o avanço da medicina. Hoje em dia, por exemplo, a eliminação da lepra e o controle da tuberculose são progressos consideráveis. No entanto, há enfermidades cujas origens ainda não foram identificadas, e tão pouco se conhece a cura para as mesmas.
De acordo com o Conselheiro do CREMEB (Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia), Jecé Brandão, isso se deve principalmente ao subfinanciamento crônico do Sistema Único de Saúde (SUS).
“O SUS tem o dever de oferecer assistência de qualidade a todos os brasileiros. No entanto, o governo federal insiste em direcionar valores inferiores ao que o sistema necessita para funcionar com mais eficiência”.
Alguns dos “sintomas” desse subfinanciamento são as filas para a marcação de cirurgias, a falta de qualidade de muitos serviços, a crise permanente das Santas Casas e o subdiagnóstico nas doenças.
Jecé garante que existem gestores e profissionais qualificados que certamente estariam preparados para atuar no campo da pesquisa, a fim de descobrir novas alternativas e explicações que definam males ainda misteriosos. Mas, para isso acontecer faltam verbas.
Analisando a questão de um ponto de vista teórico, o professor de Filosofia da UFBA, Ricardo Líper, afirma que essa falta de respostas está diretamente ligada a interesses econômicos, paradigmas/hábitos, interesses de laboratórios e hospitais e à autoridade absoluta do médico.
No que diz respeito à paradigmas, Jecé faz referência ao filósofo Michel Foucaoult, o qual afirma que o tratamento por si só é uma doença. “Criou-se um hábito não baseado na ciência. Quando a medicina julga que alguém está louco, por exemplo, automaticamente esse paciente é encaminhado ao manicômio”.
Para ele a medicina é uma parte ciência, outra arte e outra sorte; “a ciência talvez seja apenas 20% ou 30%”. O professor também diz que a medicina atual desenvolveu uma característica que é a tortura do paciente; este sofre com os internamentos, os exames excessivos e os resultados relativamente pequenos, além dos diagnósticos muitas vezes errados.
Mas Jecé admite que os próprios médicos estão tentando mudar isto, que segundo ele, também é um paradigma, instalando na casa do paciente o atendimento médico necessário para sua reabilitação, e assim evitar a aglomeração nos hospitais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário