quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

MULHERES SAEM DAS GARUPAS DAS MOTOS...


FONTE: Roberta Cerqueira REPÓRTER, TRIBUNA DA BAHIA.


As mulheres estão deixando as garupas das motocicletas e assumindo os guidões. Com intuito de adquirir um meio de transporte mais barato e fugir dos congestionamentos, elas já não são mais uma novidade sobre duas rodas. Estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-Ba) apontam um crescimento de 24,3% no número de mulheres habilitadas, na categoria A (moto), em Salvador.

Em junho de 2010, elas somavam 847, apenas na categoria A. Um ano depois este número saltou para 1.053, na capital. Os dados demonstram ainda que o público feminino habilitado, nas duas categorias, AB (moto e carro), também está crescendo. Neste caso o percentual foi de 22,2%, subindo de 3.875 para 4.736.

Na Bahia o crescimento é menor, porém, ainda significativo. No primeiro semestre de 2010, o Detran registrou um total de 8.093 mulheres habilitadas a pilotar. No ano seguinte, elas já eram 9.294, 14,8% a mais. Com relação à categoria AB, o pulo foi maior. De 62.613 habilitadas, em 2010, subiu para 75.367, (20,4%), em 2011.

A jornalista, Maíra Silva, 27 anos, está dentro deste percentual. Com carteira de motorista (categoria B), há mais de 10 anos, há cerca de três meses ela resolveu acrescentar uma letra a mais no documento. “Tirei carteira de moto para poder me deslocar com mais facilidade, gastando menos”, conta ela, que garante não ser a única. “Encontro várias mulheres motociclistas, nas ruas”, ressalta.

Antes de subir em uma moto pela primeira vez, Maíra teve que superar medos e preconceitos. “As pessoas falam dos riscos e da fragilidade da mulher, eu tinha um pouco de receio, mas, me informei muito antes e hoje acho que nós somos mais cautelosas que os homens, com isso a probabilidade de nos envolver em acidentes é muito menor”, defende.

A experiência de Eliana Farias, no guidão da motocicleta se transformou em fonte de renda. Há mais de oito anos como instrutora de uma autoescola, ela diz que prefere ensinar mulheres a pilotar. “Elas são mais obedientes, respeitam as nossas instruções”, garante, calculando um aumento em torno de 40%, na procura feminina, pelo serviço. “De oito alunos que dou aula, diariamente, quatro são mulheres”, destaca.

De olho neste mercado em expansão, as lojas especializadas oferecem artigos voltados exclusivamente para o público. “Temos jaquetas, capacetes, botas e diversos assessórios para mulheres”, destaca Frank Amoedo, gerente de uma loja no Salvador Shopping.

O preço das motocicletas, segundo ele, é o principal atrativo. “Hoje é possível comprar uma moto popular por R$ 4,8 mil, pagando uma mensalidade de R$ 85 a R$ 90, no consórcio. É um valor que cabe no bolso”, diz.

Os capacetes na cor rosa estão entre os campeões de venda. Eles variam entre R$ 300 a R$ 3 mil. “As mulheres estão descobrindo o mundo das motocicletas, elas perceberam que é possível fazer deste veículo um meio de transporte”, diz Amoedo ao destacar que 20% das vendas do último mês foram voltadas Às mulheres.

Os dados reforçam a teoria de que mulher é mais cuidadosa no trânsito. Conforme estatísticas da Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador (Transalvador), das 59 mortes em acidentes de trânsito, envolvendo motocicletas, em Salvador, ano passado, 52 eram homens e apenas sete eram mulheres.

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