FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Para melhorar a qualidade do atendimento aos pacientes cardíacos, o Hospital do Coração (HCor) de São Paulo, em parceria com o Ministério da Saúde, desenvolveu o projeto Bridge - Brazilian Intervention to Increase Evidence Usage in Practice. O estudo mostrou que o Brasil, com a adequação de procedimentos durante atendimento nas emergências hospitalares, pode reduzir em até 20% os casos de mortalidade por infarto, uma das principais causas de morte no país e no mundo.
Para o ministro Alexandre Padilha, que recebeu na última semana a visita da equipe do HCor que coordenou o projeto, o comportamento clínico é fundamental para melhorar a qualidade no atendimento aos pacientes cardíacos. “Muitas vezes o paciente com infarto não recebe as terapias adequadas para o tratamento e isso dificulta sua recuperação. Mais do que medicamentos – que hoje são oferecidos gratuitamente pelo SUS – precisamos oferecer um atendimento rápido e adequado ao paciente, pois isso significa a diferença entre a vida e morte”, avalia o ministro.
O estudo foi realizado por meio de um monitoramento permanente sobre as práticas clínicas de acolhimento em hospitais públicos. Durante cerca de oito meses, ao longo de 2011, a equipe do HCor monitorou 34 hospitais públicos do país para verificar como os pacientes com síndrome coronariana aguda (infarto) eram atendidos. Metade dos hospitais foi apenas observada, enquanto outro grupo recebeu treinamento para aplicação da intervenção multifacetada, que incluía materiais educacionais, listas e lembretes que tinham como base evidências científicas de controle da doença.
Os hospitais monitorados contavam com uma enfermeira treinada, que atuava como gerente de caso, cujo trabalho era garantir que as ferramentas adequadas estavam sendo usadas corretamente e com frequência e para garantir que terapias baseadas em evidências estavam sendo prescritos.
“Ao chegar ao hospital, o paciente passava por uma triagem. Se apresentasse algum sintoma, um lembrete era anexado ao formulário para que o médico soubesse que se tratava de um paciente de risco. Além da notificação no formulário médico, o paciente recebia uma pulseira que o identificava de acordo com a categoria de risco”, explica o diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa HCor, Otávio Berwanger.
A maioria das mortes por infarto ocorre nas primeiras horas de manifestação da doença – 65% dos óbitos ocorrem na primeira hora e 80% até 24 horas após o início do infarto. Nos hospitais monitorados pelo projeto, foi observado um aumento de 18% na adesão às diretrizes nas primeiras 24 horas e de 19% na adesão as diretrizes durante toda a hospitalização. Berwanger afirma que, como resultado, a equipe identificou ainda a redução do número absoluto de eventos cardiovasculares em hospitais que receberam a estratégia do Bridge.
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