domingo, 22 de abril de 2012

CLUBES FICAM COM APENAS 40% DO DINHEIRO GERADO NA VENDA DE INGRESSO...



FONTE: Marcelo Sant’Ana e Herbem Gramacho (marcelo.santana@redebahia.com.br), CORREIO DA BAHIA.

 
Levantamento do CORREIO mostra que, dos R$ 4,4 milhões gerados nas bilheterias após 132 jogos, só R$ 1,7 milhão (38,64%) chegou ao caixa dos 12 clubes.

Mais da metade do dinheiro que os nossos clubes arrecadaram com a venda de ingressos na 1ª fase do Campeonato Baiano foi destinado ao pagamento de taxas e impostos. Levantamento do CORREIO mostra que, dos R$ 4,4 milhões gerados nas bilheterias após 132 jogos, só R$ 1,7 milhão (38,64%) chegou ao caixa dos 12 clubes.

As despesas com taxa de arbitragem (R$ 472.347,06) ou com a confecção de ingressos (R$ 399.545,30), por exemplo, foram maiores que as receitas líquidas de bilheteria de todos os clubes, exceto o Bahia. “A gente fala para reduzir, mas cai no lugar vazio. Você faz o espetáculo, tem uma folha alta e fica com 40%. Quero ver qual outro negócio é assim”, critica o diretor financeiro do Vitória, José Perdiz.

Há despesas fixas, com base na bilheteria bruta, como os 5% para a Federação Bahiana de Futebol (FBF) e o INSS; ou os R$ 0,15 do seguro ao torcedor, descontado de cada ingresso vendido e repassado à Capemisa Vida e Previdência.

“Em Pituaçu, o Bahia paga seu próprio quadro móvel, o quadro da FBF e o da Sudesb: são três. Deve ter gente na mesma função, mas não se discute”, reclama o diretor financeiro do Bahia, Thiago Cintra, que ainda questiona a taxa de 6% da renda bruta para aluguel do estádio. “É absurdo. Deveria ter teto mínimo e máximo. Só tem mínimo”.

No estadual, Bahia, Vitória, Bahia de Feira e Fluminense pagam aluguel de estádio. Os demais clubes do interior contam com gratuidade das prefeituras, donas dos estádios. “O dinheiro do aluguel do Barradão (privado) retorna, mas arcamos com energia, limpeza, manutenção... Nem cobre”, calcula Perdiz.

   
POLÍCIA.
Crítica comum está no pagamento ao Fundo Especial de Aperfeiçoamento dos Serviços Policiais (Feaspol). A taxa deve ser recolhida à Secretaria da Segurança Pública e se refere aos policiais militares que trabalham em eventos especiais, como jogos de futebol, shows ou eventos da mesma natureza. “É um dos únicos lugares do Brasil que tem esse desconto”, cita Perdiz. “E ainda tem que pagar o lanche”, completa Cintra.

O Feaspol gerou um custo de R$ 141.638,20 aos clubes, praticamente igual ao gasto com lanches: R$ 119.653,7. As duas despesas superam as receitas de todos os clubes do interior.

NEGATIVO.
A 1ª fase do Baiano teve média de 2.166 pagantes nos 132 jogos. Desse total, 65 partidas tiveram um borderô negativo - quando as despesas superam as receitas. Ou seja: o clube, literalmente, pagou para jogar.

A situação mais grave na fase classificatória foi do Serrano. Somando a renda líquida dos 11 jogos como mandante em Vitória da Conquista, o clube acumulou prejuízo de R$ 5.633,42.

No outro extremo está o Bahia, que teve lucro calculado em R$ 932.865,97. O problema é que o valor é inferior aos R$ 1.066.923,81 perdidos em despesas. “Com um público inferior a 10 mil pagantes, o impacto é maior. A partir de 20 mil, a conta melhora, como no Brasileiro”, diz Cintra. No Baiano, o Bahia tem média de 9.871 pagantes - na última Série A, foram 22.741.

COBRANÇAS SÃO LEGAIS, DIZ FBF.
A maior renda do Baiano foi a do Ba-Vi de Pituaçu. As maiores despesas, também. Dos R$ 771.015 arrecadados, o Bahia ficou com R$ 463.775,48. “Como clube, não posso brigar com a Federação ou com o governo. Mas a Fonte Nova está aí e a briga não será mais minha”, conforma-se o diretor financeiro do Bahia, Thiago Cintra.

O consórcio OAS/Odebrecht tem a concessão para operar o estádio por 35 anos. No borderô do clássico, por exemplo, havia 33 itens passíveis de descontos: o Bahia foi taxado em 29.

“Bahia e Vitória bancam o Intermunicipal”, ilustra o diretor financeiro do Vitória, José Perdiz, em desabafo direcionado ao Fundo de Apoio ao Campeonato Intermunicipal (Facin), taxa de 2% da renda bruta de cada partida, repassada à FBF. Na Série A, a CBF não cobra percentual de renda aos clubes - a receita vem de patrocínio.

“(O Facin) Está no estatuto da FBF desde 1994”, defende-se o presidente da FBF, Ednaldo Rodrigues, no cargo desde 2001. “Uelliton, do Vitória, sabe de onde veio? Da Seleção de Euclides da Cunha. Os jogadores não vêm só da base; vêm do Intermunicipal”.

Rodrigues acrescenta: “Existem outras taxas que oneram as despesas, como a da Feaspol. Isso aí os clubes podem chegar através de seus deputados e tentar diminuir ou até extinguir. Isso eu tô falando de uma taxa só; tem outras”.

Pela confecção de ingressos, por exemplo, o Bahia repassa 10% da renda bruta à BWA. À mesma empresa, o Vitória costuma pagar 8% da renda bruta ou o mínimo de R$ 8 mil. Os clubes do interior pagam R$ 0,30 por ingresso confeccionado. Como cobram R$ 25 e R$ 20 na entrada, Bahia e Vitória pagam R$ 2,50 e R$ 1,60 por bilhete.

QUADRO MÓVEL.
Sobre a queixa do Bahia quanto ao pagamento de três quadros móveis, Ednaldo Rodrigues argumenta. “O quadro móvel da Federação é obrigatório. Serve pra controlar o portão de acesso às autoridades, o acesso ao campo de jogo, que não tem como reportar ao clube. A gente não pode colocar um preposto do Bahia para exercer a fiscalização sobre quem vai adentrar o campo.

O delegado financeiro tem que divulgar renda e público... Tudo isso é responsabilidade da entidade. O que a Federação faz é cumprir a lei”. E prossegue: “Se a Sudesb tem, é porque tem situações importantes, manutenção do estádio, por exemplo. É um preposto da Sudesb que sabe resolver se tiver um problema na iluminação (de Pituaçu)”.

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