FONTE: *** TRIBUNA DA BAHIA.
Cerca de 1,5 milhão de adolescentes e adultos consomem maconha diariamente no Brasil, aponta o segundo Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad) realizado por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Ainda de acordo com o estudo, divulgado ontem em São Paulo, mais de 3 milhões de adultos, com idade entre 18 e 59 anos, fumaram maconha no último ano e cerca de 8 mihões de adultos (7% dessa parcela da população) já experimentaram maconha alguma vez. Entre os usuários, o levantamento aponta três vezes mais homens.
Do total, 62% tiveram o primeiro contato com a droga antes dos 18 anos.
Entre os adolescentes de 14 a 18 anos, 470 mil revelaram que fizeram uso de maconha no último ano e 600 mil disseram já ter experimentado a droga alguma vez na vida. Além disso, 17% dos consumidores nessa faixa afirmaram que conseguiram a droga dentro da escola.
Essa é a segunda pesquisa da Unifesp sobre o tema – a primeira foi em 2006 –, mas é a primeira vez que se tem uma amostragem representativa da população brasileira sobre uso e dependência de drogas e sobre a questão da legalização. Sobre dependência, 1,3 milhão de adolescentes e adultos disseram ter sintomas disso.
Entre os usuários adultos, o índice de dependência foi de 37%. Na adolescência, 10%. Foram feitas cinco perguntas, como se a pessoa já tentou parar e não conseguiu e se a maconha tem atrapalhado o dia a dia dela.
Em 2006, havia um adolescente pra cada adulto usuário de maconha. Essa proporção agora é de 1,4 adolescente por adulto. A diferença é que o retrato anterior foi feito apenas nas escolas, entre estudantes.
De janeiro a março, foram ouvidas 4.607 pessoas, com idade mínima de 14 anos, em 149 municípios de todos os estados do país. Como é uma representação do país, a cidade de São Paulo, por exemplo, teve mais participantes.
Cem entrevistadores visitaram as casas das pessoas, que viviam em locais que iam desde favelas até condomínios fechados – estes últimos, os lugares de mais difícil acesso, de acordo com os autores.
Foi entregue aos voluntários um questionário com 800 perguntas, que respondiam e entregavam o documento lacrado, mantendo o anonimato e uma maior confiabilidade das respostas.
As perguntas, segundo os pesquisadores da Unifesp, seguiram metodologias internacionais e também abordaram questões sobre álcool, tabaco e outras drogas ilícitas além da maconha. Em breve, a universidade vai divulgar dados regionais sobre a maconha e informações nacionais sobre o uso de cocaína, crack e oxi.
A pesquisa custou mais de R$ 1 milhão e foi financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A metodologia ficou por conta do instituto Ipsos.
MAIORIA CONTRA A LEGALIZAÇÃO.
Sobre a legalização da maconha no Brasil, 75% dos entrevistados se disseram contrários à proposta. Outros 11% apoiam a causa, 9% não souberam responder e 5% não responderam. De acordo com psiquiatra Ronaldo Laranjeiras, professor da Unifesp e um dos organizadores do levantamento, o estudo está próximo de um “plebiscito” sobre a proposta de descriminalizar o consumo da maconha no país.
“Há quase 500 mil adolescentes usando maconha regularmente. Isso dá uma visão do tamanho do problema (...) e há um impacto do ponto de vista de saúde pública, desemprego e suicídio”, explica.
Laranjeiras comentou ainda que, desde 2006, com a mudança da lei para despenalizar o uso de drogas, é possível que tenha ocorrido um aumento no consumo de maconha. Para ele, houve uma “frouxidão legislativa”, que alterou a figura do usuário e impediu a pena de prisão com novas sanções alternativas.
Comparativamente com outros países, o Brasil aparece em 17º lugar na lista de países cujas pessoas já experimentaram maconha e em 15º entre os que usaram no último ano.
*** G1.
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