FONTE: Noemi Flores, TRIBUNA DA BAHIA.
A cena está tão comum na cidade que nem choca mais. Jogar restos de comida, embalagem, garrafas pets, paleta de picolé, potes de iogurte e tudo que está nas mãos na via pública é quase que uma rotina na cidade.
A falta de educação é evidente, mas as justificativas para tal acabam batendo também nas costas dos governantes: faltam cestas de lixo e coleta regular, como se isso justificasse todo o descaso de uma parcela ponderável da sociedade.
Mas sujar a cidade não é tudo. O vandalismo é quase que uma praga e deixa suas marcas em equipamentos públicos e privados, como reflexo dessa falta de educação e civilidade de muitos. Segundo o gerente de operações do Sinart, Adevaldo Santos, até mesmo tampas de vaso sanitário são roubadas nos banheiros do Terminal Rodoviário de Salvador, onde o fluxo diário de pessoas é de 20 a 25 mil.
Outros equipamentos constantemente danificados são as torneiras dos bebedouros, quebradas diariamente, causando danos mensais que vão de 30 a 40 mil reais.
“Nós compramos os acentos no valor de R$ 98 de primeira linha porque os de segunda não duram muito, quebram fácil. Além do mais, tem o problema das torneiras dos bebedouros porque o povo insiste em manipular para o lado que quer a água, sem saber que já existe este dispositivo no próprio equipamento”, afirmou Adevaldo, acrescentando que esta atitude depredadora faz com que a Sinart mantenha armazenados estes equipamentos para repor.
O gerente disse ainda que se trata de falta de educação familiar, pois até crianças pequenas acompanhadas dos pais jogam lixo nas dependências do terminal. “A família tem que dar este tipo de educação aos filhos e cabe a escola reforçar e dar o aprendizado. Isto se torna um custo muito grande para a manutenção. Todo o dia os bebedouros quebram e o maior custo, por incrível que pareça, está nos sanitários femininos, onde levam os assentos, papel higiênico, além de as próprias mulheres não manterem uma higiene adequada na utilização, jogando absorventes nos vasos, não utilizando as descargas etc.”, lamentou.
São 24 horas de trabalho da limpeza nos banheiros da Rodoviária, mesmo assim o gerente reclama que por ser um entra e sai de pessoas, as mesmas têm que colaborar, ou seja, entregar para a outra pessoa o sanitário nas condições que encontrou, pois devido ao fluxo muitas vezes não dá tempo de limpar após a saída de cada pessoa.
Vandalismo - O shopping Ponto Alto, localizado em São Marcos, já foi vítima de depredações terríveis como tampas de vasos levadas, até torneiras dos sanitários eram arrancadas, mas, felizmente, após uma incansável campanha de educação, aliada a um policiamento ostensivo, isto já não ocorre mais, conforme esclareceu o gerente administrativo, João Santos.
“Isto tem um ano já, mas neste ano melhorou bastante. Por dia eram três a quatro tampas de vasos roubadas, além de roubo de papel higiênico constante. Mas procuramos reverter a situação com a colocação de prateleira, placas educativas e o pessoal da limpeza passa mais vezes, isto inibe. Além disto, o policiamento está mais na frente, mais ostensivo e fica de manhã à noite”, informou.
São raras as pessoas que nunca se depararam com alguém praticando um ato deseducado ou no prédio onde mora, na rua ou em um local público. No caso da professora Norma Fagundes, o que ela presenciou poderia ter se transformado em um acidente terrível.
“Outro dia subia lentamente a Ladeira dos Galés, e de vez em quando paro para descansar, pois a ladeira é tenebrosa. Graças a Deus parei, porque a poucos metros, de uma casa no alto, uma mulher jogou um saco de lixo. Ela nem sequer olhou para ver se passava alguém”, disse. Segundo a contadora Marta Gonçalo Freitas, as pessoas não têm noção de cidadania: "O povo é mal educado mesmo".
Nenhum comentário:
Postar um comentário