FONTE: Raquel Paulino/iG São Paulo, TRIBUNA DA BAHIA.
Diante de um quadro inesperado de
febre, diarreia ou vômito infantil, não é raro os pais ficarem desesperados e,
quase sem pensar, correr com o filho para o pronto-socorro. Claro que a decisão
é tomada com a melhor das
intenções, pensando apenas no bem do pequeno, mas muitas vezes a ida ao hospital
poderia - e deveria - ser evitada.
“A situação da criança só é preocupante se
ela não conseguir desenvolver suas atividades normalmente, ficar prostrada
pelos cantos. Se ela estiver andando, falando e com vitalidade, o ideal é
primeiro ligar para o pediatra dela e pedir orientações. Ele deverá orientar se
é para ir ao pronto-socorro ou não”, aconselha a pediatra e neonatologista
Camila Lima Reibscheid, do Hospital e Maternidade São Luiz.
Para tanto, naturalmente, é
essencial contar com um profissional que disponibilize um canal aberto
com a família, como explica Maria Amparo Martinez, pediatra do pronto-socorro
do Hospital Santa Catarina: “Quem acompanha o desenvolvimento da criança é que
sabe melhor como cuidar dela. Ter um médico que conheça seu filho, para quem se
possa telefonar a qualquer momento, é o ideal”.
Aquelas que têm muitos
compromissos acabam indo com os filhos ao atendimento de emergência para tudo,
como um substituto do pediatra. Isso é ruim, porque não há continuidade no
tratamento daquela criança. Hoje é um médico atendendo, no próximo plantão será
outro”, enfatiza Camila. Portanto, nada de usar a correria do dia a dia como
desculpa: um pediatra fixo é necessário.
Exposição a doenças e
outros riscos.
Além de ocupar o tempo de que uma criança realmente doente precisaria para ser
atendida, uma ida desnecessária ao pronto-socorro representa potenciais riscos.
“O filho é exposto a muitas coisas erradas, mas principalmente a um mau exemplo
de controle de situação, já que aquela visita não terá resultado prático nenhum, e
a doenças que pacientes na sala de espera carregam. Às vezes, a criança entra
saudável e sai doente”, afirma Maria.
Camila complementa: “Há, ainda, a exposição
a uma fila de espera cansativa, ao medo e à coleta para exames dispensáveis”.
As duas pediatras orientam, dentro das
situações que mais comumente amedrontam os pais, quando a criança realmente
deve ser levada ao pronto-socorro.
Febre.
Isoladamente, não é algo ruim, e a temperatura mais alta não é indicativo da
gravidade da situação (39°C não são necessariamente mais graves que 37°C). Se a
febre vier acompanhada de sintomas como vômito, diarreia, tosse ou manchas na
pele, a ida ao pronto-socorro é necessária, assim como se a criança ficar
prostrada mesmo quando os picos de febre passarem. Se não for o caso, dá para
esperar 48 horas até fazer uma visita ao hospital.
Queda.
Um segundo de distração e a criança já está no chão. O pior é que nem sempre dá
para ver que parte do corpo ela bateu, se houve contusão na cabeça ou não. Por
isso, este é um caso em que ir ao pronto-socorro é recomendável, para fazer as
devidas radiografias em caso de dor (um osso pode estar trincado ou fraturado)
e tomar outras providências adequadas.
Vômito.
A criança vomita sem parar, está fraca e sem ação, com olhos fundos e boca
seca? Precisa ir ao pronto-socorro para receber hidratação e ser tratada do que
estiver causando esse quadro. Se não for o caso e ela estiver vomitando, mas
mantendo a vitalidade, ligue para o pediatra e veja a possibilidade de dar
algum remédio para ela. Apenas se os vômitos não cessarem após o efeito do
medicamento é que uma visita ao hospital se justifica.
Diarreia.
Se houver sangue nas fezes ou a diarreia for acompanhada de uma cólica que não
passa, não pense duas vezes e leve seu filho ao pronto-socorro. Se vômito fizer
parte do quadro, também é necessário levá-lo ao hospital, para que ele receba
hidratação imediata.
Engasgo.
Um engasgo que provoque boca roxa e letargia é um caso em que não dá tempo nem
de ligar para o pediatra: pegue seu filho e corra com ele ao pronto-socorro
mais próximo. Ele precisará de atendimento imediato para evitar complicações
mais graves. Se o caso for muito grave, antes de ir para o hospital, ligue para
o serviço de emergência para orientações. Deixar telefones importantes sempre
visíveis é importante em situações assim.
Tosse.
Crises de tosse que não passem e façam a criança ficar cansada e com
dificuldade para respirar requerem uma visita ao pronto-socorro, pois podem
indicar uma doença ainda não diagnosticada.
Queimadura.
Quando a extensão for grande – a criança coloca as mãos na porta do forno, por
exemplo –, o atendimento do pronto-socorro é essencial. Lá as bolhas serão
adequadamente tratadas para evitar cicatrizes restritivas de movimentos, já que
os órgãos ainda vão se desenvolver. Se a queimadura levantar uma ou duas bolhas
apenas, basta uma limpeza com soro fisiológico em casa e o cuidado de não
estourá-las, para evitar o risco de infecções.
Dor de ouvido.
Se com remédios indicados pelo pediatra e bolsa de água quente a dor de ouvido
não passar em três horas, pode levar a criança ao hospital. Nesse período, é
importante acalmá-la e explicar que quanto mais ela gritar, mais dor sentirá.
Convulsão.
Pequena ou grande, uma ou múltiplas: a convulsão é dos poucos casos em que a
ligação para o pediatra é dispensável. Leve seu filho imediatamente ao
pronto-socorro mais próximo e de lá telefone para o médico, para que juntos, de
acordo com o diagnóstico do hospital, vocês decidam o que fazer.
Tremores.
Tremedeiras intensas, com lábios roxos, pontas dos dedos roxas e febre
justificam a ida ao pronto-socorro, pois podem ser sintomas de uma infecção
mais grave, como a urinária, que precise de antibiótico na veia.
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