FONTE: Yuri Abreu, TRIBUNA DA BAHIA.
Os adolescentes, que estão
passando por uma fase transição, cada vez mais estão buscando essa alternativa
para se sentirem bem com o próprio corpo.
Elevação
da autoestima, aceitação em um grupo de amigos ou simplesmente vaidade. Essas
são algumas das razões que levam as pessoas a encarar o bisturi e realizar uma
cirurgia plástica. E os adolescentes, que estão passando por uma fase
transição, cada vez mais estão buscando essa alternativa para se sentirem bem com
o próprio corpo.
Para se
ter uma ideia do tamanho dessa procura, em quatro anos, o número de jovens
entre 14 e 18 anos que realizaram o procedimento aumentou em 141% segundo dados
da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP). A quantidade de cirurgias
saltou de pouco mais de 37 mil em 2008, para cerca de 91 mil em 2012.
No
mesmo período, a quantidade de plásticas realizadas em adultos cresceu “apenas”
38,6%. Isso significa que as cirurgias no público jovem aumentaram, em
comparação com o grupo citado, cerca de 3,5 vezes mais. Atualmente, o Brasil é
o segundo país no mundo em número de procedimentos, atrás apenas dos Estados
Unidos.
No
consultório da cirurgiã plástica, Ana Carolina Guimarães, que há mais de 30
anos atua na área, a situação não é diferente. De cada 16 procedimentos
realizados por ela, por mês, cerca de um terço são jovens. “Eles tem mais
acesso a informação e estão ligados na internet. É uma fase difícil, em que
eles precisam ser aceitos e muitas tribos tem, na aparência física, um fator
muito forte, sejam elas virtuais ou não”, disse.
Segundo
a especialista, as garotas na faixa de idade citada, geralmente procuram o
consultório para realizar cirurgias de aumento ou redução da mama – neste caso,
quando os seios trazem algum tipo de problema como dores nas costas. Outro
procedimento requerido pelas adolescentes é a lipoaspiração.
Já os
garotos fazem cirurgia plástica, na maioria das vezes, para a realização da
ginecomastia, redução do crescimento das mamas, além da correção das orelhas
proeminentes, antigamente conhecidas como “orelhas de abano”. “Muitos deles
sofrem bullying na escola e, por conta disso, acabam se fechando, evitando
atividades coletivas. A cirurgia, nesse ponto, é recomendada para que eles
tenham uma adolescência melhor”, explicou, Ana Carolina.
Para
ela, não há uma idade específica para que o jovem venha a passar por uma
cirurgia. Isso varia de acordo com a necessidade de cada pessoa. “Recomendamos,
em alguns casos, como o das meninas, consultas com a ginecologista, já que
nesta fase a produção de hormônios entre os adolescentes é grande e, uma
cirurgia de mamas, por exemplo, poderia ser ‘perdida’”, destacou.
Antes
de qualquer procedimento, no entanto, ela recomenda que o paciente passe por
avaliações para evitar problemas. Dentre os exames a serem feitos estão os de
sangue, respiratórios, cardiológicos e algumas ultrassonografias. “Vale pontuar
que também é importante uma consulta com o anestesista”, salientou. Outra dica
é realizar a cirurgia em locais que tenham a infraestrutura adequada, já que os
riscos do procedimento envolvem infecções, sangramentos, além de outras
complicações.
Alerta para a real necessidade.
Por
isso, nesse momento é importante os pais estarem atentos e conversarem com os
filhos para saber se há uma real necessidade de passar pela cirurgia, uma vez
que muitos querem fazê-la apenas por vaidade. “Aí, nosso trabalho é, junto com
os pais, de colocar um freio nessas expectativas. Só quando a situação de fato
exige e vemos que eles estão observando o desconforto e o sofrimento dos filhos
é que a gente sugere”, comentou, Ana Paula.
A
recomendação foi válida para o jovem estudante Marcos*, de 17 anos. Ele vai
passar, no mês de janeiro, pela ginecomastia, para a diminuição das mamas. Ele
se diz incomodado com a situação há pelo menos dois anos e até chegou a tomar
remédios, prescritos por um médico, para tentar reverter o quadro. “Eu evito ir
à praia, por que seria muito constrangedor. Até quando vou ao shopping, me
sinto mal ao ver de lado, no espelho. Ficar sem camisa, então, nem pensar”,
disse.
A
expectativa, após a cirurgia, é de que as coisas possam mudar. “Acredito que
minha vida será muito melhor e serei mais confiante. Estou muito ansioso,
pensativo, mas feliz ao imaginar como será depois da operação”, contou. A mãe,
segundo o jovem, tem dado todo o apoio durante a caminhada. “Ela tem me ajudado
muito e a nossas conversas tem sido tranquilas. Quando ela percebeu que isso me
incomodava, nós corremos atrás”, acrescentou.
* O nome utilizado pelo personagem na reportagem é fictício.
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