Adolescentes que não
dormem o suficiente podem ter um risco maior de se envolver em comportamentos
sexuais de risco, como transar sem camisinha e sob influência de álcool ou
drogas. É o que mostra uma pesquisa com 1.850 jovens acompanhados ao longo de
quatro anos nos EUA.
O estudo, divulgado
pela Associação Americana de Psicologia, foi coordenado pela Rand Corporation,
uma instituição de pesquisa sem fins lucrativos. Os dados foram publicados na
revista Health Psychology.
Os participantes, de
diferentes etnias, foram examinados quatro vezes, dos 16 aos 19 anos de idade.
Eles relataram seus horários de dormir e acordar e se tinham problemas de sono.
Também deram informações sobre sua atividade sexual e uso de álcool e outras
substâncias.
Os pesquisadores
observaram o que a gente já sabe na prática: os jovens não têm dormido as oito
ou dez horas recomendadas pelos médicos. Apenas 25% dormiam cerca de 8,5 horas
por noite. Os motivos apontados foram variados, como horários da escola,
alterações no relógio biológico (típicas da adolescência), atividades
extracurriculares e mesmo pressão social.
A equipe esperava
confirmar a premissa de que dormir pouco durante a semana e muito nos fins de
semana poderia trazer resultados negativos para a saúde dos jovens. Mas eles
descobriram que a maioria dos adolescentes não conseguia repor o sono perdido
nos sábados ou domingos.
Os jovens com privação
crônica de sono foram quase duas vezes mais propensos a praticar sexo sem
camisinha do que aqueles que conseguiam dormir umas três horas a mais no fim de
semana.
Embora o estudo não
possa estabelecer uma ligação direta entre a qualidade do sono e o
comportamento sexual, os autores dizem que existem evidências de que essa
conexão existe.
Para os autores, a
regularidade nas horas de sono é importante, mas talvez seja inviável para os
adolescentes. A saída seria tentar encontrar um meio-termo – dormir um pouco
mais durante a semana, e não levantar muito tarde aos sábados e domingos.
Uma outra pesquisa
publicada esta semana traz outra observação sobre o sono dos jovens: a de que
qualidade é mais importante do que quantidade. Em outras palavras, mais do que
se concentrar no número de horas dormidas, é preciso observar se o adolescente
tem dificuldade para pegar no sono à noite e sofre para sair da cama de manhã.
Se a resposta for positiva, é porque existe um problema.
Os pesquisadores, da
Universidade de British Columbia, no Canadá, analisaram dados de mais de 3.100
garotos e garotas de 13 a 17 anos de idade, ao longo de dois anos. Os
participantes que tinham dificuldade para dormir ou para acordar foram quase
duas vezes e meia mais propensos a ter uma condição de saúde abaixo da ideal.
Os resultados foram publicados no periódico Preventive Medicine.
Como eu sempre digo
aqui, cuidar do sono do adolescente é um esforço que ajuda na prevenção de uma
série de problemas de saúde física e mental. É, também, um investimento para o
futuro, já que pode ter impacto direto no desempenho acadêmico dos jovens.
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