João completa 12 anos
neste domingo (9), mas a comemoração não será como ele esperava. Seu pai, Adex
Alves, está machucado e com suspeita de fissura na costela porque lutou com
dois bandidos que tentaram roubar seu carro, na última quinta-feira (6), em São
Carlos, no interior de São Paulo.
Adex não estava
preocupado em perder o bem material, mas os remédios de alto custo do filho que
estavam no veículo. João tem síndrome de Dravet -- tipo raro de epilepsia, que
provoca diversas convulsões - e há 4 anos recebeu da Justiça o direito de se
tratar com medicamento
à base de canabidiol.
Eram duas ampolas no valor de R$ 1200 cada que estavam no porta-luvas.
Segundo Joseane, mão de
João, o menino melhorou muito desde que passou a receber o remédio. "Hoje
ele praticamente não tem mais crises. Ele anda, vai à escola, fala",
conta. Nem sempre foi assim, sem o remédio o garoto tinha cerca de 30 crises
por dia.
A síndrome provoca
ainda outros efeitos como déficits cognitivos e comportamento autista, além de
colocar os pacientes em risco de incapacitação física e intelectual, e de morte
prematura.
Assessorada pela
Defensoria Pública, a família recorreu ao medicamento derivado da maconha após
seguidas tentativas frustradas de tratamento com outros remédios. Estudos
comprovam que a síndrome de Dravet é uma das que apresenta melhor resultado com
esse tipo de medicamento. O
canabidiol reduz a frequências das convulsões epiléticas graves em 39%
em pacientes com a síndrome, segundo estudo publicado no New England Journal of
Medicine.
O
crime.
Adex saia pela manhã de
casa quando foi abordado por dois homens que quiseram levar o carro. Como
lembrou-se de que os remédios do filho estavam dentro do veículo, ele reagiu.
"Nossa sorte neste dia é que o João não estava no carro, porque meu esposo
coloca ele no carro para abrir o portão. Acho que foi Deus que impediu
isso", conta Joseane.
O mecânico ficou ferido
e não conseguiu impedir que os homens levassem o medicamento. O carro foi
encontrado em um desmanche logo depois, mas uma das ampolas foi queimada junto
com documentos.
"Ele teve que
levar as ampolas para comprovar que a gente tinha comprado o remédio e ficou no
carro. Agora estamos só com uma e João precisa delas para ficar bem",
lamenta Joseana. No ano passado, ela diz que parou de receber o medicamento e
eles sequestraram a verba judicialmente para comprar o remédio, por isso tinham
que fazer esta prestação de contas.
Além do carro, que foi
encontrado desmanchado e não tem seguro, os bandidos levaram também todo o
pagamento de Adex que estava no carro. "Não sabemos nem como recomeçar.
Estamos fazendo uma vaquinha com a ajuda de amigos e vou na Defensoria na
segunda ver o que podemos fazer". Entre em contato pelo
Facebook de Adex.
Joseana conta que o
maior medo da família agora é que os bandidos voltem, já que ainda não foram
presos. "Um casal nos doou uma câmera de segurança porque estamos com medo
até de sair para fora".
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