sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

BRONZEAMENTO ARTIFICIAL: O RISCO DE PAGAR BELEZA COM SAÚDE...

FONTE: Hélio Rocha (TRIBUNA DA BAHIA).

Até que ponto uma pessoa está disposta a colocar a própria saúde em risco em nome da vaidade? Esse é o tema central na discussão sobre a proibição do funcionamento das clínicas de bronzeamento artificial no Brasil, decidido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O assunto vem rolando na Justiça Federal gaúcha desde novembro do ano passado, quando a Associação Brasileira de Bronzeamento Artificial (Abba) entrou com pedido para obter a liberação do procedimento, que pode provocar câncer de pele, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).
No dia 12 de janeiro, a 6ª Vara Federal do Rio Grande do Sul concedeu uma liminar em primeira instância liberando o bronzeamento artificial para os associados da Abba. A assessoria de imprensa da Anvisa informou que já entrou com recurso para anular a decisão, que causou muita polêmica entre a classe médica brasileira. Esta é a quinta vez que a Abba recorre ao Judiciário para legalizar o tratamento estético. A Anvisa conseguiu caçar quatro liminares anteriores, com a alegação de que o bronzeamento artificial é uma prática condenada pela OMS e pelas principais autoridades médicas do país.
Os representantes da Anvisa frisaram que a proibição continua valendo em todo o território nacional, e que apenas as clínicas filiadas à Abba estão autorizadas temporariamente a oferecer o serviço.
As câmaras de bronzeamento artificial são permitidas em diversos países do hemisfério Norte, como os Estados Unidos, que dispõem apenas de alguns meses de sol por ano. Não é à toa que a briga pela legalização no Brasil esteja ocorrendo nos estados do Sul do país, onde o clima frio predomina boa parte do ano.De acordo com Carlos Renato de Melo, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), com sede no Rio Grande do Sul, estado onde a discussão virou disputa jurídica, a liberação pode aumentar ainda mais os índices de câncer de pele no país. “Esse é um assunto extremamente polêmico.
As pessoas têm a ideia errada de que podem fazer o que quiserem com o próprio corpo, e que a Anvisa não teria autoridade para determinar o que é bom ou ruim para a população. Só que, quando as pessoas ficam doentes e recorrem ao Sistema Único de Saúde (SUS), é a sociedade brasileira como um todo quem paga a conta”, pontuou.
Melo explica que as câmaras de bronzeamento artificial são permitidas no país para fins medicinais, no tratamento de certas doenças, como a “psoríase”, que é uma inflamação crônica da pele que provoca a descamação da epiderme. “As sessões de bronzeamento hospitalar melhoram o aspecto da pessoa e ajudam a resgatar a autoestima dos pacientes”, explicou.
RADIAÇÃO É NOCIVA E PROVOCA CÂNCER.
Anete Olivieri, presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia na Bahia (SBD-BA), classificou como “loucura” a liberação do procedimento no Brasil. “Essas câmaras de bronzeamento emitem os mesmos raios ultravioleta que causam câncer de pele pela ação do sol. Com o agravante de que quem se submete a esse tipo de sessão não usa protetor solar nem se preocupa, na maioria dos casos, com o tempo de exposição à radiação”, explicou. “Na Bahia, como temos muitas praias e calor praticamente o ano inteiro, não há registro de clínicas desse tipo em funcionamento. No Sul do país, entretanto, a situação pode elevar ainda mais o número de pessoas com câncer de pele”, advertiu.
O presidente da SBP oferece uma solução alternativa para o imbróglio: “O problema com o bronzeamento artificial é o mesmo que ocorre com as chamadas ‘drogas sociais’, como o cigarro e as bebidas alcoólicas. Se a proibição for inviável, o ideal seria que a Anvisa estabelecesse uma regulamentação rigorosa e a exigência de exames médicos precedentes às sessões. Os riscos da exposição à radiação das câmaras são muito grandes, principalmente para as pessoas de olhos azuis e pele branca, que têm pouca melanina na pele”, ponderou.

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