terça-feira, 19 de janeiro de 2010

QUITANDA METIDA A BESTA...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

De minha parte não há interesse em politizar o tema, embora nele estejam encravados elementos políticos incontestáveis. Ao denunciar o descalabro existente na Ebal antes da posse de Jaques Wagner – descalabro este investigado e transformado num calhamaço pelos técnicos da Fazenda estadual – meu intuito pessoal era – e continua sendo – o de contribuir para a abertura de caminhos que possibilitem ao grande público conhecer a verdade dos fatos.
Há projeções que indicam que a empresa responsável pela Cesta do Povo pode contar hoje com um rombo de R$ 1 bilhão, seja por má gestão, incompetência gerencial ou má-fé. E o que intriga é a passividade com que nossos organismos públicos encaram tal situação. Há um implícito pacto de silêncio no ar.
Transformaram um caso escabroso num depoimento de confessionário cujo vazamento pode implicar num severo castigo, não de Deus, que não gosta de nada mal- feito, mas dos homens que adoram guerrear mesmo sabendo que o acordo de paz está na sua mesa. Basta assiná-lo. Serei mais didático: um rombo de R$ 1 bilhão (ou algo próximo a isso) impede qualquer município ou Estado de se desenvolver. Com um bilhão de reais, Salvador não teria mais alagamentos nem desabamentos em época de chuva. A educação, a saúde, o laser e a segurança teriam outro nível.
Uma parte dos problemas do Haiti, onde o mundo acabou, seria reconstruída – afinal trata-se de pouco mais de 500 milhões de dólares. Os Estados Unidos estão doando aos haitianos 100 milhões de dólares e o Brasil, 15 milhões, o que são consideradas contribuições fantásticas, apesar de minguadas ante os prejuízos provocados pelo recente terremoto no país.
Precisamos saber por que o tremor que sacudiu a Ebal no governo passado, segundo apurou o governo atual, não teve a devida sequência na sua apuração. Desconfio que o abalo aqui teve efeito contrário ao terremoto do Haiti. Aqui, a terra tremeu e do interior dela saíram homens robustos e contas bancárias recheadas. Lá, infelizmente, o resultado foi dezenas de milhares de cadáveres estendidos nas ruas da capital e do interior.
Uma outra questão: para que diabos o governo da Bahia quer uma rede de supermercados que mal consegue competir com suas congêneres, já que seus preços são altos e suas mercadorias escassas? O bom senso manda que Wagner se livre desse monstrengo. A Cesta do Povo tem um novo, uma marca. Mas não passa de uma quitanda metida a besta, que nem mais consegue quebrar armazéns ou assustar as feiras livres dos municípios baianos afora. Ora, por que não vendê-la?
Sei que o difícil é achar um comprador. Afinal, só louco vai se atrever a adquirir um dromedário de mil cabeças atolado em dívida bilionária. Deixo claro: são informações oficiais. Parcela do PT, descontente com as últimas composições políticas de Wagner, quer estourar a boca do balão. Munição não lhe falta. Não falta-lhe também quem esteja interessado em detonar e desvendar esse estranho mas compreensível mistério: eu, por exemplo.

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