FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.
Quando o deputado Geddel Vieira Lima, do PMDB, ex-candidato a governador da Bahia, depois de receber os resultados do primeiro turno, no qual obteve o terceiro lugar, promoveu uma reunião conjunta de seu partido com o PR e outros aliados perguntaram-lhe como se sentia apoiando a petista Dilma no segundo turno, se ela quebrara o compromisso de apoiar na Bahia tanto a candidatura dele quanto a do governador Jaques Wagner à reeleição.
Geddel respondeu que não faz política olhando pelo retrovisor, mas para o futuro e disse qualquer coisa que deixou claro que pensava numa candidatura sua ao governo baiano “em 2014”. Não disse literalmente que seria candidato em 2014, mas fez questão de fixar a impressão de que estava com planos definidos para 2014.
Para bom entendedor, meia palavra basta. Até porque se o plano não fosse a candidatura a governador, ele não precisava ter feito qualquer menção ao ano citado, quando deverão ocorrer, se não for alterada a Constituição federal e as estaduais, as próximas eleições para os governos estaduais.
Mas se dúvida ainda houvesse quanto ao planejamento político do ex-ministro da Integração Nacional, seu irmão e presidente estadual do PMDB, deputado eleito Lúcio Vieira Lima, disse ontem, em um programa na Rádio Sociedade da Bahia, que em 2014 Geddel será novamente candidato a governador e descartou a hipótese de ele se candidatar a prefeito de Salvador em 2012.
Analistas do PMDB assinalam que Geddel disputou as eleições deste ano para o governo em condições que acabaram se tornando muito adversas. Além das dificuldades naturais de enfrentar um governador cujo governo “priorizou a propaganda oficial como arma política e eleitoral, o que já estava evidente”, destacou um desses analistas, o candidato teve duas surpresas com a aproximação do pleito.
Uma delas foi a opção feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, ao acreditar que sua candidata Dilma Rousseff tinha a eleição garantida já no primeiro turno e nada mais poderia mudar isto, declarou seu apoio solitário à candidatura de Jaques Wagner à reeleição e logo pediu votos também para os dois candidatos a senador da coligação liderada pelo PT – Walter Pinheiro, deste partido, e Lídice da Mata, do PSB.
Mas o comportamento matreiro de Lula (ele, vale repetir, só declarou apoio exclusivo a Wagner, Pinheiro e Lídice quando adquiriu a errônea certeza de que Dilma seria inexoravelmente eleita no primeiro turno) foi até assimilado (com desgosto, naturalmente), pois Lula não assumira com Geddel o compromisso dos dois palanques.
Mas Dilma assumira, sim. E quando ela declarou seu apoio exclusivo à reeleição de Wagner, Pinheiro e Lídice, rompeu o compromisso, transmutado em palavras ao vento. A capacidade de manter os compromissos assumidos é uma das qualidades que os políticos mais valorizam entre eles.
Ao romper o compromisso dos “dois palanques” com Geddel, Dilma privilegiou, claro, os “companheiros”, mas, do alto de seus sapatos de saltos Luiz XV, julgou por bem tripudiar do candidato da coligação liderada pelo PMDB: explicou que a retirada de seu apoio se devia ao fato de que a candidatura não cresceu, uma crueldade para um candidato que está disputando o governo, colocado em terceiro ligar e nos calcanhares do segundo colocado, Paulo Souto, a quem buscava ultrapassar.
A atitude de Dilma, sugerem analistas do PMDB, foi o fato impeditivo de tal ultrapassagem. Souto teve 16 por cento dos votos válidos, Geddel, 15 por cento. Sem o posicionamento de Dilma, julgam os peemedebistas que seu candidato seria o segundo colocado (o que não significa que houvesse segundo turno).
Outra análise feita no âmbito da coligação: o argumento usado para desapoiar Geddel (não crescimento suficiente da candidatura) é contraditório com o desapoio à candidatura à reeleição do senador César Borges, do governista PR: Borges, no momento em que Dilma deu apoio exclusivo a Pinheiro e Lídice, liderava as pesquisas eleitorais.
Conclusão: a explicação dada sobre o desapoio a Geddel foi do tipo “desculpa esfarrapada”.
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