FONTE: DONALD G. MC NEIL JR, DO "THE NEW YORK TIMES" (www1.folha.uol.com.br).
No ano passado, a notícia mais quente em relação à Aids foi o sucesso parcial, em testes clínicos realizados na África do Sul, de um microbicida --gel que as mulheres podem colocar na vagina para matar o vírus antes que ele possa infectá-las.
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Todo o campo de pesquisas focado em proteção antes do sexo está "bem quente no momento", disse Sharon L. Hillier, professora de ginecologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Pittsburgh e principal pesquisadora da Microbicide Trials Network. "As pessoas estão muito empolgadas."
Embora o gel tenha oferecido apenas cerca de 40% de proteção contra o vírus HIV, ele foi a primeira forma de proteção que as mulheres poderiam usar sem o conhecimento do homem, o que é crucial, pois muitos homens no mundo todo simplesmente se recusam às vezes de forma violenta a usar camisinha quando fazem sexo com suas esposas ou namoradas.
Outros testes clínicos reportarão seus resultados em 2011 e 2012 e, se tudo correr bem, os pesquisadores esperam ter um ou dois produtos prontos para entrar no mercado até 2013.
No entanto, o primeiro pode não ser um gel.
No entanto, o primeiro pode não ser um gel.
Segundo Mitchell Warren, diretor executivo da AVAC, grupo para a prevenção da Aids, nos próximos meses "veremos uma cascata de resultados" de testes do que chamamos de "profilaxia oral pré-exposição". Neles, homens e mulheres que não estão infectados pelo vírus da Aids, mas que regularmente fazem sexo de alto risco, como sexo anal sem camisinha ou sexo por dinheiro com estranhos, tomam uma dose diária de uma duas das drogas anti-retrovirais normalmente tomadas por pessoas infectadas. Se muito menos desses indivíduos se infectarem em relação aos participantes que tomam placebo, um segundo grande marco será alcançado.
Se isso acontecer, autoridades regulatórias podem aprovar as pílulas mais rapidamente que o gel, pois já se provou que são seguras e eficazes para o tratamento.
Porém, isso não significa que não vale a pena buscar a produção do gel, disse Salim Abdool Karim, professor de epidemiologia da Universidade de KwaZulu-Natal, na África do Sul, e líder dos testes com o microbicida cujos resultados foram divulgados em julho.
Porém, isso não significa que não vale a pena buscar a produção do gel, disse Salim Abdool Karim, professor de epidemiologia da Universidade de KwaZulu-Natal, na África do Sul, e líder dos testes com o microbicida cujos resultados foram divulgados em julho.
O gel tem algumas vantagens. A droga presente neles permanece no tecido vaginal, então é pouco provável que uma pessoa já infectada desenvolva uma forma do vírus resistente a drogas. Ao contrário das pílulas, o gel também protege contra herpes.
Além disso, como apontaram vários especialistas, as mulheres gostam de ter escolhas no controle da natalidade: algumas preferem uma pílula diária, outras preferem camisinha, DIU, injeções que duram três meses, ou implantes na pele que duram três anos. É previsível que elas também queiram escolhas na prevenção do vírus da Aids.
"A verdade é que uma solução não se encaixa em todas as situações", disse Karim.
Como 95% dos homens americanos homossexuais e 40% das mulheres americanas heterossexuais fizeram sexo anal pelo menos uma vez, segundo pesquisas, estão sendo desenvolvidas versões retais do gel.
Como 95% dos homens americanos homossexuais e 40% das mulheres americanas heterossexuais fizeram sexo anal pelo menos uma vez, segundo pesquisas, estão sendo desenvolvidas versões retais do gel.
Em breve começará o teste de formulações novas e menos viscosas, com menor probabilidade de levar água ao reto, tornando o uso desagradável, segundo Ian McGowan, outro líder dos testes com o microbicida da Universidade de Pittsburgh.
Homens gays e bissexuais negros e hispânicos, que hoje não os grupos de maior risco de Aids nos Estados Unidos, serão recrutados em breve em Boston, Pittsburgh e Porto Rico, para ver se eles acham o gel aceitável, ele disse.
Homens gays e bissexuais negros e hispânicos, que hoje não os grupos de maior risco de Aids nos Estados Unidos, serão recrutados em breve em Boston, Pittsburgh e Porto Rico, para ver se eles acham o gel aceitável, ele disse.
No entanto, é crucial garantir que o gel não inflame o tecido retal, que é mais delicado que o da vagina. Como o HIV aponta para células imunes ativadas, a inflamação aumenta o risco de infecção. Testes curtos de irritação e aceitabilidade serão realizados em pessoas aconselhadas a praticar abstinência sexual durante os testes, ele acrescentou. Outros testes mais amplos, no qual milhares de homens e mulheres que praticam sexo anal recebem gel ou placebo, só começarão daqui a dois ou três anos.
"O campo de pesquisa do microbicida retal está cerca de dez anos atrasado em relação ao vaginal", disse McGowan.
Isso se deve, em parte, a conceitos equivocados.
Isso se deve, em parte, a conceitos equivocados.
"Quando mencionamos microbicidas retais, muitas pessoas rejeitam, pois acham que temos de proteger todo o cólon, que tem alguns metros de comprimento", afirmou McGowan. Na verdade, os pesquisadores acreditam que proteger apenas os últimos 15 cm a 20 cm é suficiente.
Um estudo britânico de 2008 mostrou que o gel retal tenofovir ofereceu boa proteção em macacos que receberam doses anais do vírus que causa Aids em símios.
Para um futuro um pouco mais distante, outro método está sendo testado para uma possível produção até 2015. No próximo ano, será iniciado um teste de anel vaginal contendo uma nova droga anti-retroviral, dapivirine.
Essa droga nunca foi aprovada como pílula, pois o corpo não consegue absorvê-la bem, mas o medicamento pode se acumular no tecido vaginal. Além disso, a droga é tão concentrada que o equivalente a um mês de uso cabe num anel que libera uma pequena quantidade todos os dias.
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