FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.
Está, em princípio, assentado que o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Nilo, do PDT, será reeleito para o cargo mais uma vez. Concretizado isto, ele estará, a partir do início de fevereiro, cumprindo o terceiro mandato consecutivo de presidente da Casa.
Vale aqui uma breve memória. Em 2006, candidato a governador, Jaques Wagner recebeu o apoio do PSDB da Bahia, que teve o assentimento da direção nacional do partido para divergir da diretriz geral de aliança com o então PFL, hoje DEM. É que, na Bahia, o PSDB e o PFL, controlado pelo senador Antonio Carlos Magalhães, eram inconciliáveis.
Isso ocorria devido à posição histórica do grupo de políticos abrigados na legenda do PSDB, especialmente de pessoas como Jutahy Júnior – o principal líder do partido –, Marcelo Nilo, Nestor Duarte Neto, entre outros. Inviável a aliança com o PFL, o PSDB aliou-se à candidatura do PT ao governo, representada pelo ex-ministro Jaques Wagner. Havia outros partidos aliados, inclusive o PMDB.
Vitoriosa nas eleições a aliança liderada por Wagner, chegou a hora da divisão dos espaços políticos. Por ser o PSDB o principal partido de oposição ao governo do PT em âmbito nacional, ficaria estranho, senão inconveniente para os dois lados, que na Bahia tucanos participassem do governo chefiado pelo petista Wagner, integrando o Poder Executivo.
Solução: o PSDB seria contemplado em outro Poder – com a presidência do Poder Legislativo. E assim aconteceu: o deputado federal Jutahy, que tinha, na prática, o controle do PSDB da Bahia, indicou para a presidência da Assembleia o tucano mais antigo na Casa legislativa, justamente aquele mais ligado a ele, por laços políticos, de amizade e até familiares. E Marcelo Nilo foi eleito pela primeira vez para presidente.
Solução: o PSDB seria contemplado em outro Poder – com a presidência do Poder Legislativo. E assim aconteceu: o deputado federal Jutahy, que tinha, na prática, o controle do PSDB da Bahia, indicou para a presidência da Assembleia o tucano mais antigo na Casa legislativa, justamente aquele mais ligado a ele, por laços políticos, de amizade e até familiares. E Marcelo Nilo foi eleito pela primeira vez para presidente.
Foi depois reeleito para presidir a Assembleia no segundo biênio da atual Legislatura. Mas já então por outros motivos. Ganhara a completa confiança e a amizade do governador e a este faltavam alternativas, nos quadros parlamentares governistas, que apresentassem as condições favoráveis encontradas na aspiração de Marcelo Nilo à reeleição.
Por outro lado, Nilo fez o que pôde para o PSDB apoiar a candidatura de Wagner à reeleição para governador e, não conseguindo, deixou a legenda em que historicamente militara para se alinhar partidariamente ao governador, o que acabou fazendo sob a legenda do PDT. Por tudo isto, Nilo foi, com o apoio de Wagner, reeleito presidente da Assembleia sem dificuldade, embora em eleição na qual houve adversário, o deputado Elmar Nascimento.
Depois disso, Nilo chegou a ser sondado muito a sério (não quero dizer convidado, pois parece não ter chegado a haver um convite formal) a ser candidato a vice-governador nas eleições de outubro passado. Mas a roda da política rodou e Otto Alencar, que seria um candidato para o Senado, acabou sendo deslocado (para alegria própria e proveito – eleitoral – do governador) para a vice. Isto colocou Marcelo Nilo outra vez como candidato à eleição para presidente da Assembleia. Será em outra Legislatura, de modo que não existe impedimento legal.
Na manhã de ontem, Nilo ganhou o apoio do PCdoB. Isto não aconteceria se o PT não houvesse também se resolvido a apoiá-lo. Juntos no apoio, PCdoB e PT também estão juntos na tentativa de fazer aprovar um projeto de resolução (a ser apresentado, claro, pelo PCdoB), proibindo que haja reeleição na mesma Legislatura.
É para evitar – se for aprovado, o que depende do plenário – mais uma eventual reeleição de Nilo para o segundo biênio da próxima Legislatura e dar ao PT uma chance de presidir a Assembleia em tal período. O líder do PT, Paulo Rangel, diz que, sem o projeto de resolução, ele será candidato a presidente agora, como pretendia até poucos dias atrás. Só que agora seria um desafiante, o que não era sua intenção inicial.
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