FONTE: Noemi Flores, TRIBUNA DA BAHIA.
Após o nascimento ela matou o bebê com dez facadas e depois escondeu o cadáver na casinha de cachorro.
O que pensar de uma mulher que comete tamanha crueldade? Dúvidas surgem em relação a este comportamento, se estaria associado à depressão pós-parto. O obstetra Pedro Paulo Bastos Filho, professor de Obstetrícia da FTC e preceptor do Instituto de Perintologia da Bahia (Iperba), fala sobre esta doença, mas deixa bem claro que não tem conhecimento específico do caso da jovem universitária, e nem se pode relacionar a doença ao fato.
De acordo com o médico, 70 a 80 % das mulheres grávidas são acometidas pela síndrome da tristeza materna, mas 15% têm depressão pós-parto, quadro muito mais grave. “A depressão pós-parto é o sintoma de rejeitar o filho e também não cuidar de si própria. Geralmente, ela perde toda a vaidade, anda desarrumada”, disse.
Nestes casos, o médico aconselha que a família fique sempre atenta ao comportamento da mulher que deu à luz porque existe o risco de violência contra a criança. “Isto acontece no dia a dia do hospital, inclusive a Justiça reconhece o fato quando a mulher está neste período”, informou.
O problema pode ser agravado em mulheres que têm condições financeiras limitadas, principalmente quando enfrentam uma gravidez indesejada, explicou o médico. “A mulher está grávida e passando por problemas psicoemocionais e até mesmo a questão, em especial, dos familiares não terem conhecimento da gravidez”, sinalizou.
O obstetra contou que conhece vários casos de pacientes da maternidade que ficaram grávidas e a família não aceitava. Inclusive em um deles, a jovem morava com os tios e estes a ameaçavam se ficasse grávida teria que dar para a adoção. “Existe uma pressão. Tem um momento que ocorre o transtorno psicótico depressivo”, advertiu.
Mas o médico não descarta a depressão pós-parto em mulheres que possuem gravidez desejada, com todo o apoio do marido e da família. Mas esta é mais difícil usarem a violência porque possuem todo o suporte adequado famíliar.
O especialista disse que em todos os casos, as mães devem ser acompanhadas por especialistas porque é só uma fase. “Vão ser medicadas, reverter o quadro e ser curadas. Passada a fase, já estruturadas podem vir a ter filhos normalmente”, afirmou.
CASOS DE VIOLÊNCIA – No caso desta jovem estudante de Psicologia da Unijorge, natural de Terra Nova, a 75 quilômetros de Salvador, o fato foi descoberto quando ela passou mal foi levada para o Hospital da Sagrada Família (HSF), na Cidade Baixa, fazer curetagem (retirada de placenta).
Lá os médicos ficaram desconfiados e indagaram da criança e ela respondeu que não sabia. Na delegacia, ela disse não lembrar de gravidez e nem de ter dado à luz.
O segundo caso foi registrado na zona rural Vereda, na cidade de Planalto, no sudoeste da Bahia, mas esta criança teve mais sorte que a de Salvador, porque foi encontrada com vida. A mãe jogou o bebê, logo após o parto, em uma fossa, utilizada como privada pelos alunos da zona rural.
A mãe da criança, Celita Rosa Borges, 24 anos, escondia a gravidez da família e realizou o parto sozinha às 5h da última sexta-feira (26). Ao saber do resgate da filha, a mãe foi ao hospital e se disse arrependida de ter tentado matá-la.
O destino da criança, que ainda está no hospital, será acompanhado pelo Conselho Tutelar.
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