FONTE: PAULA BIANCHI, COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO (www1.folha.uol.com.br).
Inspirado na iniciativa das Avós da Praça de Maio, na Argentina, o Morhan (Movimento de Reintegração das Pessoas Atingidas pela Hanseníase) pretende ajudar cerca de 40 mil brasileiros cujos pais tiveram hanseníase a reencontrarem suas famílias por meio de exames de DNA.
Enquanto na Argentina as crianças foram separadas por causa da ditadura, no Brasil foi a lei federal 610, de 13 de janeiro de 1949, que dividiu pais, filhos e irmãos.
A medida, que perdurou até 1986, determinava a internação compulsória dos portadores da doença em hospitais-colônias, onde eram mantidos isolados.
Aqueles que tivessem filhos eram obrigados a entregá-los ao Estado ou a parentes, muitas vezes perdendo o contato com as crianças.
Em parceria com o Inagemp (Instituto Nacional de Genética Médica Populacional), o Morhan pretende fazer um mapeamento do histórico e dos documentos dos familiares de pessoas com hanseníase.
O parentesco poderá ser comprovado por exames de DNA. O material será coletado de amostras de saliva cedidas pelos voluntários e enviadas ao Inagemp.
Por enquanto, o movimento conta com 10 mil familiares de doentes cadastrados.
"A lei disse para acabar com a segregação, mas não disse o que fazer com os filhos já separados", explica o coordenador nacional do Morhan, Artur Custódio.
A geneticista Lavínia Schuler Faccini, médica do Inagemp e responsável pela parceria com o Morhan, foi quem sugeriu a Custódio a técnica de mapeamento e exames de DNA usada pelasAvós de Maio. "Todos temos direito não só à verdade, mas a uma identidade", afirma.
Em 2007, foi aprovada uma lei que concede indenização aos pacientes internados nos hospitais-colônias.
São R$ 750 mensais vitalícios, mais garantia de fornecimento de próteses, realização de cirurgias e assistência médica pelo SUS.
O movimento, agora, tenta estender esses direitos aos filhos dos portadores de hanseníase.
TRATAMENTO HOJE É FEITO COM COMBINAÇÃO DE MEDICAMENTOS.
Uma combinação de medicamentos, tomados por seis ou 12 meses, dependendo do caso, é suficiente para curar a hanseníase, sem necessidade de internação.
Uma combinação de medicamentos, tomados por seis ou 12 meses, dependendo do caso, é suficiente para curar a hanseníase, sem necessidade de internação.
Segundo Joel Lastoria, do departamento de hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia, a combinação é usada para que o bacilo causador da doença não fique resistente aos remédios.
Lastoria afirma que é importante fazer o diagnóstico da doença o mais cedo possível, para evitar que as manchas causadas pela doença se espalhem. Sem tratamento, a doença pode atingir fígado, baço, olhos e testículos, além dos nervos.
No Brasil, são registrados 35 mil novos casos da doença por ano. As regiões mais afetadas são a Norte e a Centro-Oeste, segundo o Ministério da Saúde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário