FONTE: Roberta Cerqueira REPÓRTER, TRIBUNA DA BAHIA.
Profissionais de saúde e ativistas realizaram uma caminhada do Cristo ao Farol da Barra, na orla de Salvador, ontem, para protestar em favor do parto domiciliar. “Nós queremos ter o direito de escolher se queremos parir em um hospital ou em casa”, destacou a psicóloga, Daniela Leal.
A violência denunciada por muitas mulheres durante o parto, em hospitais é uma questão destacada pela ativista. “Mais de 25% das mulheres sofrem violência institucional e são agressões desde verbais a físicas, como em caso de mulheres que são amarradas durante as contrações”, pontua.
Mãe de dois filhos, sendo que um destes nasceu de parto normal no hospital e o outro em casa, na água ela garante que não tem riscos e recomenda. “Não há motivo para ser contraindicado é uma opção tão segura quanto o procedimento convencional, desde que seja bem acompanhado”, destaca.
A Marcha do Parto em Casa é um movimento nacional que aconteceu neste final de semana em mais de 23 cidades do Brasil. “Trata-se de um repúdio a decisão do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (CREMERJ) que encaminhou denúncia contra o médico e professor Jorge Kuhn por ter se pronunciado favoravelmente em relação ao parto domiciliar”, explica Leal.
O pronunciamento de Kuhn aconteceu durante uma reportagem sobre o assunto, no Fantástico, programa da TV Globo, no último dia 10 e foi o suficiente para e iniciar a polêmica.
Em carta à população, distribuída durante o manifesto, entidades nacionais que apoiam a causa destacam. “Não é possível admitir o arbítrio e calar-se diante de tamanha ofensa ao direito individual. Não é admissível que a corporação persiga profissionais por se manifestarem abertamente sobre o procedimento que é realizado no mundo inteiro e com resultados excelentes. A sociedade precisa reagir contra os interesses obscuros que motivam tais iniciativas. Calar a boca das mulheres, impedindo que elas escolham o lugar onde terão seus filhos é uma atitude inaceitável e fere os princípios básicos da autonomia”, pontua o texto.
A médica obstetra Marilena Pereira apoia a causa em Salvador e fez questão de marcar presença. Ela destacou que existe ainda muito desconhecimento em relação ao assunto, além de preconceitos por parte da comunidade médica e da população em geral. “O Brasil é campeão em cesariana, cerca de 50% dos partos que acontecem no país são cesarianos, sendo que a Organização Mundial de Saúde recomenda que este percentual não seja superior a 15%”, pontua a especialista.
Em Salvador os números são ainda mais expressivos. “Na rede particular do país, cerca de 80% dos partos dão cesarianos, em Salvador este número ultrapassa os 90%”, diz Pereira.
De acordo com a obstetra o parto domiciliar pode acontecer entre gestantes de qualquer idade desde que tenham uma gravidez saudável e sem complicações. “Não é recomendado apenas quando é uma gravidez de alto risco”, alerta.
Para que o parto aconteça com segurança, segundo a médica, são necessários pelo menos dois profissionais da área, que não necessariamente precisam ser médicos. “Podem ser médicos obstetras ou enfermeiros obstetras ou ainda obstetrizes (parteiras formadas)”, diz.
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