FONTE: Agência Brasil, TRIBUNA DA BAHIA.
Africano que estudava em Fortaleza é espancado e morto. Estudante africano é morto em Cuiabá. Universitária é morta e angolanos são feridos no Brás. Pelo menos dez manchetes como essas foram estampadas em jornais de diferentes capitais brasileiras nos últimos doze meses, segundo denunciaram ontem (28) organizações de direitos humanos em audiência pública na Câmara Municipal de São Paulo.
Para as entidades, esses atos têm um pano de fundo comum: xenofobia e racismo contra imigrantes africanos no país.
Durante a audiência, os ativistas entregaram para Ribamar Dantas, representante dos trabalhadores no Conselho Nacional de Imigração (CNIg), um documento que pede a revisão da legislação migratória, bem como o desenvolvimento de políticas públicas que inibam a discriminação racial. O representante comprometeu-se a indicar, nos próximos dias, uma data para discussão desses temas no conselho.
“Uma vertente [de mobilização] é a resposta na investigação dos casos de violência e assassinatos. A outra é a política migratória brasileira, que precisa urgentemente de revisão, para que, além de se pautar pelos direitos, garanta particularidades de imigrantes negros e africanos”, avalia Cleyton Wenceslau Borges, advogado do Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (Cdhic).
Em São Paulo, as mobilizações começaram em maio deste ano, após a morte da estudante angolana Zulmira de Souza, no dia 22 daquele mês, no bairro Brás, na zona leste da cidade, assassinada após discussão entre angolanos e brasileiros quando comemorava a colação de grau.
“Um brasileiro fez um insulto de cunho racista, referindo-se aos angolanos como macacos. Houve discussão, mas sem agressão física. O brasileiro, então, retornou atirando nas pessoas”, relata o estudante angolano Álvaro Bastos, de 24 anos, estudante de Direito em uma universidade particular paulista.
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