sábado, 1 de setembro de 2012

RESTRIÇÃO CALÓRICA MELHORA A SAÚDE MAS NÃO AUMENTA A LONGEVIDADE, DIZ ESTUDO...


FONTE: DA REUTERS (www1.folha.uol.com.br).

A dieta da longevidade se baseia numa premissa simples e atraente: a ingestão de menos calorias do que o habitual adicionaria anos à vida das pessoas.

Uma nova pesquisa publicada na quarta-feira (dia 29), na revista "Nature", entretanto, mostrou que uma dieta mais pobre em calorias não aumentou o tempo de vida de macacos resos, os parentes mais próximos do homem a serem submetidos a um estudo rigoroso e de longo prazo sobre o assunto.

"Se existir alguma maneira de manipular a dieta humana a fim de nos fazer viver mais, não descobrimos ainda e talvez nem seja possível", disse o biólogo Steven Austad, do Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, que escreveu uma análise do estudo para a revista "Nature".

Desde de 1934, pesquisas têm mostrado que ratos de laboratório, camundongos e as moscas da fruta ("Drosophila melanogaster") alimentados com uma quantidade 10% a 40 % menor de calorias do que o habitual viveram 30% mais. Em alguns estudos, os resultados foram de até o dobro de tempo de vida.

Tais descobertas geraram uma crescente comunidade de crentes em dietas que buscam obter mais saúde e tempo de vida por meio de alimentação com restrição de calorias.

O novo estudo, feito pelo Instituto Nacional do Envelhecimento, ligado aos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, sugere uma surpreendente desconexão entre saúde e tempo de vida das cobaias. A maioria dos 57 macacos sob a dieta de restrição de calorias apresentou um sistema imunológico e cardíaco melhores e taxas de diabetes, câncer e outras doenças menores do que os 64 macacos do grupo-controle. Mas não houve ganhos na longevidade.

"Pode-se argumentar que animais sob uma dieta de restrição de calorias são mais saudáveis. Eles têm menores taxas de colesterol, menos perda muscular e menos doenças. Mas isso não se traduz em maior longevidade", disse Austad.

O estudo, iniciado em 1987, investigou se uma dieta que promovesse a ingestão de 70% da quantidade normal de calorias traria mais anos de vida aos primatas testados.

Talvez o resultado mais surpreendente da pesquisa é que os indicadores de saúde eram muitas vezes piores em macacos que foram submetidos a dietas de restrição calórica quando jovens adultos do que aqueles que a começaram mais velhos, justamente o oposto da expectativa dos cientistas. Além disso, animais que iniciaram tal dieta quando jovens morreram mais de causas não relacionadas ao envelhecimento que os não submetidos à dieta. "Existe algo sobre a restrição de calorias que torna os animais mais suscetíveis a morrer de outras causas", disse Austad.

É muito cedo para avaliar se o estudo divulgado na quarta-feira afetará o desenvolvimento de drogas que buscam replicar os supostos benefícios da dieta de restrição de calorias sem provocar fome. Tais drogas incluem um composto derivado de abacates verdes que "engana as células de modo que elas ajam como se o corpo tivesse ingerido menos comida", disse George Roth, CEO da empresa GeroScience.

Roth, que é coautor do estudo, acredita que, apesar dos resultados da pesquisa, ainda existem boas evidências a favor da restrição de calorias.

A equipe do Instituto Nacional do Envelhecimento continua coletando dados para observar se a dieta especial será, em algum momento, mais benéfica. "Mas o que se pode depreender dos resultados é que a magreza extrema não é o paradigma correto. Se eu fosse um deles (companhias ou cientistas que defendem isso), eu estaria preocupado", concluiu o biólogo Steven Austad, da Universidade do Texas.

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