sábado, 26 de julho de 2014

BAHIA É O ESTADO COM MAIOR NÚMERO DE PORTADORES DE ANEMIA FALCIFORME NO PAÍS...

FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Anemia falciforme foi a causa da morte recente da prefeita de São Francisco do Conde, Railza Valentim.
De acordo com o Hemoba (Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia) a doença é hereditária e se  caracteriza pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, daí o nome falciforme.
Na Bahia, 9.315 pessoas, entre crianças e adultos, fazem tratamento da doença, segundo informações da Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), em diversos locais de atendimento. É o estado que reúne o maior número de portadores de anemia falciforme e atinge a população principalmente a população negra.
A coordenadora do Ambulatório do Hemoba, médica Larissa Carneiro Rocha, afirma que existem duas maneiras do diagnóstico da doença . “Primeiro é o teste do pezinho em recém-nascido, que tem sido feito desde 2002 e o segundo é o de eletroforese de hemoglobina, disponíveis tanto na rede pública como privada. Este último é para pessoas que não tiveram a oportunidade de fazer o teste do pezinho”, explicou.

Segundo a hematologista, como se trata de uma doença hereditária não existe prevenção, mas a pessoa pode investigar se há algum membro da família acometido, sendo assim poderá ter chance de desenvolver, já que pode se manifestar na fase adulta e o aconselhável é se fazer o teste.
Os sintomas da anemia falciforme, de acordo com a especialista,  são apresentados através de “dores nos braços, pernas e para quem tem uma anemia e não sabe o motivo”, advertiu, destacando que as pessoas devem fazer um tratamento com acompanhamento especializado de um hematologista.
“Cada faixa etária tem uma recomendação específica, as crianças com vitamina à base de ácido fólico com recomendação de vacina e uso de penicilina para prevenir contra infecções graves”, afirmou a médica, acrescentando que o adulto também deve se submeter tratamento para controle e fazer exame para detectar alguma alteração que possa ocorrer.
A hematologista destaca que “por ser uma alteração sanguínea a doença pode alterar qualquer órgão do corpo. E os pacientes têm que usar medicação para crises de dor, bem indicada porque pode trazer  efeitos colaterais.
Existem pessoas com a mesma doença mais branda e outras mais intensa, tem até quem chega na fase adulta sem sentir nada. O paciente tem que entender a importância de acompanhamento e manter uma boa alimentação e hidratação”, afirmou.
Faltam políticas públicas.
Para o médico Gildásio Daltro, professor e pesquisador da Universidade Federal da Bahia, no Hospital das Clínicas, existem centros de referências na cidade e no estado, mas “há falta de políticas públicas para cuidar das complicações”.
Daltro, que é ortopedista e coordenou pesquisa para a utilização de células troncos no tratamento da anemia falciforme, uma técnica eficaz na maioria dos casos da necrose em estágio inicial, afirma que “na Bahia deveria ter um modelo de atenção às pessoas . É uma questão que vai resolver uma série de problemas”.
O pesquisador ressalta que há vários centros de atendimento no estado, mas seria preciso que existisse um centro que abrangesse “primeiro a conscientização da doença, segundo educação das pessoas com a doença e terceiro informação e capacitação dos agentes de saúde sobre a doença. Com isto vai reduzir o grande índice emergencial. As pessoas precisam é de mais valorização disto”, desabafou.
De acordo com o médico, o governo federal tem um programa para isto, na Ufba, “temos um programa para complicações da anemia falciforme. Existe uma atenção do governo e estamos lutando para que haja fortalecimento desta ação no Estado da Bahia e que seja modelo para o Brasil”, declarou.
Sobre atingir a maioria pessoas da raça negra, o professor explica que há na África muita incidência e como Salvador grande parte é formada por afro-descentes e com um elevado número não só da doença, mas do traço que é quando “herdou a condição de transmitir a doença desde que ele consiga reproduzir outra pessoa que tenha o traço, ou seja uma pessoa possui o traço hereditário e casa com quem não possui o traço, o filho não tem como adquirir a doença”, explicou.

O pesquisador afirma ainda que em cada 17 habitante da Bahia um tem o traço e de cada 650 pessoas, uma tem a doença.

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