FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.
Quem sofre de asma já é íntimo dela:
medicamentos à base de cortisona são a solução no caso de uma crise. Os
corticoides também são prescritos como anti-inflamatórios potentes em doenças
como artrite reumatoide, problemas pulmonares e alergias.
Mas é preciso cuidado com os
efeitos colaterais. Quem faz uso constante de corticoides tem risco de
desenvolver glaucoma, doença que sem o devido tratamento pode deixar a pessoa
completamente cega em um período de dez anos. “Não importa se o corticoide é
usado no couro cabeludo, se é em forma de colírio, pomada, comprimido, injeção
ou bastão: ele entra no sangue e pode causar glaucoma”, alerta Ralph Cohen, ex-presidente da Sociedade
Brasileira de Glaucoma.
Por isso, o médico pleiteia uma
mudança na legislação de venda dessa classe de medicamentos, para controlar o
uso indiscriminado e sem necessidade. “As autoridades deveriam proibir a venda
de cortisona sem receita, porque, todos eles, sejam mais fracos ou mais fortes,
causam glaucoma”, completa Cohen.
Sem perceber.
O risco fica ainda maior porque o
glaucoma é uma doença silenciosa: provoca uma lesão no nervo óptico, que vai
sendo machucado lentamente – sem a pessoa se dar conta. “Há perda de visão
periférica, ou seja, o paciente começa a tropeçar nos degraus por não
enxergá-los, tropeça em mesas de centro. É de fora para dentro, lentamente”,
explica Cristiano Umbelino, oftalmologista da Sociedade Brasileira de Glaucoma.
Por isso, aqueles que dependem do
uso contínuo da cortisona
devem visitar o oftalmologista uma vez por ano para monitorar se houve o
aparecimento do glaucoma. Mesmo que a visão pareça perfeita. “Estar enxergando
bem não significa estar com a visão em dia. O paciente continua enxergando à
sua frente perfeitamente, com a mesma nitidez de sempre, mas o glaucoma vai
fechando sua visão. Trocar de óculos também não significa que a visão está em
dia. É preciso fazer exames de fundo de olho, medir pressão ocular, e isso só o
oftalmologista faz”, alerta Umbelino.
A partir do momento que a doença for
detectada, as visitas devem ser mais frequentes – a cada seis meses – e é
preciso fazer tratamento com remédios.
Hoje, no mundo, há 60 milhões de pessoas com
glaucoma. Embora não haja dados especificamente brasileiros, estima-se que o
mundo abrigará 80 milhões de portadores em 2020. “Desses 80 milhões, mais de 12
milhões serão cegas dos dois olhos. A doença tem um cunho social e
previdenciário muito grande para qualquer país. E o glaucoma não tem cura, mas
tem controle”, completa Umbelino.
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