quinta-feira, 24 de julho de 2014

QUALQUER FORMA DE CORTISONA PODE CAUSAR GLAUCOMA, DIZ OFTALMOLOGISTA...

FONTE: TRIBUNA DA BAHIA.

Quem sofre de asma já é íntimo dela: medicamentos à base de cortisona são a solução no caso de uma crise. Os corticoides também são prescritos como anti-inflamatórios potentes em doenças como artrite reumatoide, problemas pulmonares e alergias.
Mas é preciso cuidado com os efeitos colaterais. Quem faz uso constante de corticoides tem risco de desenvolver glaucoma, doença que sem o devido tratamento pode deixar a pessoa completamente cega em um período de dez anos. “Não importa se o corticoide é usado no couro cabeludo, se é em forma de colírio, pomada, comprimido, injeção ou bastão: ele entra no sangue e pode causar glaucoma”, alerta Ralph Cohen, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Glaucoma.

Por isso, o médico pleiteia uma mudança na legislação de venda dessa classe de medicamentos, para controlar o uso indiscriminado e sem necessidade. “As autoridades deveriam proibir a venda de cortisona sem receita, porque, todos eles, sejam mais fracos ou mais fortes, causam glaucoma”, completa Cohen.

Sem perceber.
O risco fica ainda maior porque o glaucoma é uma doença silenciosa: provoca uma lesão no nervo óptico, que vai sendo machucado lentamente – sem a pessoa se dar conta. “Há perda de visão periférica, ou seja, o paciente começa a tropeçar nos degraus por não enxergá-los, tropeça em mesas de centro. É de fora para dentro, lentamente”, explica Cristiano Umbelino, oftalmologista da Sociedade Brasileira de Glaucoma.

Por isso, aqueles que dependem do uso contínuo da cortisona devem visitar o oftalmologista uma vez por ano para monitorar se houve o aparecimento do glaucoma. Mesmo que a visão pareça perfeita. “Estar enxergando bem não significa estar com a visão em dia. O paciente continua enxergando à sua frente perfeitamente, com a mesma nitidez de sempre, mas o glaucoma vai fechando sua visão. Trocar de óculos também não significa que a visão está em dia. É preciso fazer exames de fundo de olho, medir pressão ocular, e isso só o oftalmologista faz”, alerta Umbelino.
A partir do momento que a doença for detectada, as visitas devem ser mais frequentes – a cada seis meses – e é preciso fazer tratamento com remédios.
Hoje, no mundo, há 60 milhões de pessoas com glaucoma. Embora não haja dados especificamente brasileiros, estima-se que o mundo abrigará 80 milhões de portadores em 2020. “Desses 80 milhões, mais de 12 milhões serão cegas dos dois olhos. A doença tem um cunho social e previdenciário muito grande para qualquer país. E o glaucoma não tem cura, mas tem controle”, completa Umbelino.

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