A soja virou umas das
"queridinhas" de praticamente todas as dietas da moda. Por seu alto
valor proteico, as pessoas que praticam atividades físicas e buscam uma
alimentação mais saudável tentam colocá-la em praticamente todas as refeições,
consumindo-a na forma de salada, queijo, suco e leite. Mas o consumo em excesso
do vegetal pode trazer riscos à saúde, já que ele possui compostos que inibem a
absorção de nutrientes no organismo, além de fitoestrógeno, similar ao
hormônio feminino que pode antecipar a puberdade em meninas.
Segundo a
nutricionista da Associação Brasileira de Nutrição Alessandra Paula Nunes,
"a forma de preparo, cozida ou fermentada, é que traz benefícios à saúde.
Quando consumida crua, apresenta fitato, que inibe a absorção de alguns
minerais como cálcio, magnésio, ferro, cromo e zinco".
Mas a soja pode ser
sim uma grande aliada da vida saudável, já que "pode reduzir os riscos de
doenças cardiovasculares, além de controlar a glicemia, reduzir os níveis de
colesterol total no sangue, da fração ruim do colesterol (LDL) e de
triglicérides", ressalta Nunes.
Hormônio.
A soja possui
fitoestrógeno, ou seja, ela tem uma composição molecular que lembra muito o
hormônio feminino, o estrógeno. Por conta disso, muitos médicos receitam para
mulheres que estão na menopausa uma dieta com o consumo do vegetal, pois ele
poderia ajudar a controlar e reduzir os sintomas, como por exemplo os fortes
calores seguidos de mal-estar.
Entretanto, o
alimento não é suficiente para tratar casos de queda expressiva do hormônio no
organismo e não previne qualquer mal-estar da menopausa se consumido
anteriormente ao problema. Além disso, a soja atua na absorção do cálcio e, em
longo prazo, pode ajudar a provocar osteoporose, anemia e desnutrição.
Segundo o
endocrinologista do hospital São Luiz Morumbi Luis Eduardo Calliari, o
uso em excesso do vegetal é preocupante, pois ele pode atuar como um
desregular endócrino.
"A soja é um
alimento a mais dentro da oferta que temos disponível, mas o que temos de
estudos não permite que a gente a utilize em grandes quantidades, por conta de
riscos que ainda são pouco conhecidos e dos benefícios questionáveis",
pondera Calliari.
De acordo com a
médica doutorada em endocrinologia pela Universidade de São Paulo Claudia
Chang, também deve-se ficar atento com o uso em excesso de derivados de
soja por crianças e adolescentes em período de pré-puberdade.
"As crianças que
têm alergia a lactose e fazem o uso muito grande de derivados de soja podem ter
algum comprometimento hormonal. (...) As meninas podem entrar em processo de
puberdade mais cedo, como o desenvolvimento da mama antes da idade. (...) Nos
meninos é mais raro, e [a soja] teria de ser consumida em uma quantidade muito
grande", alerta a médica.
Soja
fermentada é melhor.
A cultura oriental
consome soja diariamente em forma de molhos como shoyu, a 'sopa' missô e o
queijo tofu. Mas o vegetal passa por um processo de fermentação, que destrói as
toxinas naturais presentes.
Sem ter o costume, o
brasileiro inseriu a soja de uma hora para outra em sua rotina alimentar e
de maneira exacerbada. Isso ajudou a ocorrer outro problema: a prevalência de
alergia alimentar.
De acordo com a
nutricionista clínica e funcional do hospital Albert Einstein Fabiana Carvalho
de Sousa, o consumo em excesso de um determinado alimento, mesmo que de
maneiras diferentes, em grãos ou leite, por exemplo, pode levar a uma rejeição
do organismo.
"A alergia
alimentar não existe só quando a pessoa come um alimento pela primeira vez e dá
a reação alérgica. E sim, pelo consumo aumentado do alimento", diz.
Além disso, a soja
possui uma proteína muito íntegra, isto é, de difícil digestão, que pode levar
a pessoa a ter desconfortos físicos, como inchaço, e até algo mais sério no
sistema digestivo, completa Sousa.
A quantidade
recomendada de soja são de 25 a 30 gramas por dia, o que equivale a 1/2 colher
de sopa cheia de grãos ou 1 fatia pequena de tofu. A literatura recomenda
o consumo de soja apenas para crianças acima de 2 anos (abaixo dessa idade, só
por orientação médica).
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