FONTE:Redação, (www.msn.com).
Atrasos, tempo de espera, ambientes estressantes, tudo
isso contribui para deixar o paciente hipertenso ainda mais ansioso na hora do
atendimento nos consultórios odontológicos. Por isso, é importante
tranquilizá-lo durante a consulta. Os cirurgiões-dentistas devem garantir que
hipertensos fiquem o menor tempo possível no consultório. O ideal é que
os atendimentos sejam pela manhã, porque, no final da tarde, há o estresse
acumulado da rotina de trabalho. É necessário, também, que todo o procedimento
seja explicado de forma clara, a fim de fazê-los entender o que será feito pelo
profissional.
Em primeiro lugar, o dentista precisa certificar-se do
histórico médico do paciente, quais medicamentos toma, se a doença está sob
controle ou não. A pressão arterial (PA) deve ser aferida antes da consulta ser
iniciada. O recomendado é que o atendimento ambulatorial não interfira no ritmo
cardíaco, na demanda de oxigênio do miocárdio (músculo autônomo do coração que
possui funcionamento involuntário) e na PA. Algumas das indicações feitas pela
cirurgiã-dentista Daliana Queiroga, professora da disciplina de estomatologia
da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), é ter controle da dor durante
procedimentos operatórios e, se necessário, prescrever droga ansiolítica antes
do atendimento.
Os dentistas precisam levar em consideração duas
situações ao atender pacientes hipertensos, ambas relacionadas à medicação. A
primeira, segundo Daliana, é o crescimento anormal da gengiva, causado pelos
bloqueadores de canais de cálcio ‒ fármacos utilizados no tratamento da
hipertensão ‒, que fazem parte da composição dos anti-hipertensivos. “Nessas
ocasiões, o dentista faz a gengivoplastia, que é uma cirurgia plástica na
gengiva”. De acordo com Daliana, o problema só deixa de existir caso haja
extração do dente ou interrompimento do uso dos medicamentos.
A segunda alteração é a diminuição da secreção salivar, o
que influencia em um aumento da incidência de cáries, traz dificuldades na
adaptação de próteses e implantes, torna a saliva mais viscosa e modifica o
paladar, impedindo, dessa forma, que as papilas do paciente sintam o gosto dos
alimentos. Além disso, o hipertenso tem problemas na deglutição, fala e
respiração. “Nesses casos, o dentista lança mão de saliva artificial e
aconselha o indivíduo a mascar chiclete sem açúcar, beber muita água e evitar o
uso de produtos com álcool na composição na hora de enxaguar a boca”, explica a
professora.
Acompanhamento constante.
Daliana avalia que o paciente deve visitar o dentista
antes mesmo de começar a fazer o uso de medicação no tratamento da hipertensão.
“Podemos observar, dessa forma, o que é necessário fazer e quais recomendações
seguir”. Um ponto polêmico, ressaltado pela profissional, é o uso de anestésico
com vasoconstritor durante procedimentos odontológicos. “Os trabalhos
acadêmicos e a experiência clínica mostram que é melhor usar do que não o
fazer, porque a quantidade de adrenalina presente no vasoconstritor é muito
menor que a liberada pelo paciente”, afirma. A chamada adrenalina endógena,
liberada pelo próprio organismo do indivíduo em situações de estresse, é 15
vezes maior do que a que está presente em anestésicos. “Se for usado de um a
dois tubetes, não tem problema nenhum”.
A anamnese, espécie de entrevista feita pelos
profissionais da área da saúde com os pacientes, busca auxiliar no diagnóstico
de uma patologia no indivíduo entrevistado. “Usando essa técnica, o dentista
vai sentir como o paciente reage diante de situações estressantes e da dor”,
comenta Daliana. Ela também é eficaz na identificação de hipertensos e em saber
qual o grau que a doença se encontra.
Se a pressão arterial estiver muito elevada durante um
procedimento odontológico, os pacientes podem ter dores de cabeça, tonturas e
até mesmo desmaios. Em casos mais extremos, há a possibilidade de acidentes
vasculares cerebrais (AVCs). Daliana esclarece que antes de qualquer operação é
solicitada ao hipertenso uma avaliação clínica do cardiologista. “Se ocorrer
esse tipo grave de problema, o adequado é encaminhar com urgência para o
hospital mais próximo. Em consultório, entretanto, desde que o procedimento
esteja controlado, não tem risco.”
É imprescindível que o dentista preze pelo conforto do
paciente. Por isso, o principal instrumento na hora de atendimento de um
hipertenso é um esfigmomanômetro (aparelho para medir a PA). O profissional
também precisa manter em seu kit de emergência uma medicação anti-hipertensiva
sublingual, pois é mais rapidamente absorvida pelo organismo, e garante ao
paciente uma alternativa durante uma crise, caso haja necessidade.
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