FONTE: https://noticias.uol.com.br
Especialistas respondem
às perguntas mais frequentes que os internautas têm digitado no campo de buscas
do Google.
A diabetes
é uma doença
grave que pode atingir qualquer pessoa e que exige acompanhamento pela vida
inteira.
Estima-se que 422
milhões de pessoas no mundo inteiro sejam diabéticas, um número quatro vezes
maior que o registrado 40 anos atrás, de acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, atualmente mais de 13
milhões vivem com a doença, o que representa 6,9% da população nacional, de
acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes.
A doença ocorre quando
o pâncreas não produz insulina suficiente - o hormônio que controla a glicose
no sangue e fornece energia ao organismo - ou quando o corpo não consegue mais
utilizar de maneira eficaz a insulina que produz.
A glicose não é ruim. É
o combustível de todas as células do corpo.
Mas, para serem capazes
de usar essa glicose, os diversos tecidos do corpo precisam da ação da
insulina.
As complicações da
diabetes - em decorrência da deficiência desse hormônio - podem levar a ataques
cardíacos, derrames, cegueira, insuficiência renal e à amputação do pé ou da
perna.
Apesar dos riscos,
muitos não sabem que têm a doença - e que ela pode ser prevenida com mudanças
de estilo de vida.
Nesta reportagem, a BBC
News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, mostra as perguntas mais frequentes
que os internautas fazem sobre o tema ao Google e o que três especialistas
dizem a respeito.
1)
Quais são os primeiros sintomas da diabetes? E em crianças?
"Normalmente, o
médico avisa ao paciente que ele tem diabetes tipo 2 com base nos resultados de
exames laboratoriais que medem o nível de glicose no sangue. A maioria dos
pacientes com diabetes tipo 2 não apresenta sintomas. Os sintomas são mais
comuns em pacientes com diabetes tipo 1, quando os níveis de glicose permanecem
muito altos por um longo período. Sede, fome, cansaço e urina em excesso, visão
turva e perda de peso além do normal estão entre os sintomas que podem se
desenvolver." - Victor Montori, endocrinologista e especialista em
diabetes da Mayo Clinic, dos Estados Unidos.
"Nas crianças, o
tipo mais frequente de diabetes é o 1. Os sintomas geralmente são mais intensos
e aparecem em um intervalo de tempo mais curto: sede intensa, perda de peso,
urina frequente, cansaço, não brincam a mesma energia, sonolência." -
José Agustín Mesa Pérez, endocrinologista e presidente da Associação Latino-Americana
de Diabetes.
"Nas últimas
décadas, tivemos um aumento alarmante nos casos de diabetes tipo 2 em crianças
e adolescentes, ligado ao aumento da obesidade e a estilos de vida
sedentários." - Fabiana Vazquez, membro da Sociedade Argentina de Diabetes.
2)
Quando o nível de açúcar no sangue é perigoso?
"Em jejum, o nível
normal de açúcar no sangue é de 70 a 110 miligramas por decilitro (mg/dl). Após
as refeições, esses valores aumentam, mas a insulina garante que eles voltem à
faixa normal rapidamente (normalmente em duas horas). Valores superiores a 180
mg /dl mantidos por mais de duas horas são tóxicos para as células e, se
repetidos muitas vezes, podem causar danos permanentes, especialmente nos rins,
olhos, coração e nervos das pernas".
"A longo prazo,
todo o organismo é afetado se os valores forem altos. Por esse motivo, as
pessoas com diabetes devem ter glicose no sangue entre 70 e 180 mg / dl durante
a maior parte do dia." - Fabiana Vazquez, membro da Sociedade Argentina
de Diabetes.
"O paciente com
diabetes tipo 2 pode começar a desidratar quando o nível de açúcar excede 200
mg/dl, mas pessoas sem qualquer outro problema de saúde podem manter níveis
altos de açúcar sem maiores riscos. Quando o nível é muito alto, acima de 300
mg/dl, por exemplo, o risco é maior e requer atenção." - Victor
Montori, endocrinologista especialista em diabetes na Mayo Clinic, dos Estados
Unidos.
"Também é preciso
falar sobre baixos níveis de glicose. Pessoas com diabetes, inclusive aquelas
com algumas complicações, devem evitar ficar com valores de glicose abaixo de
70 mg/dl tanto em jejum quanto depois de comer." - José Agustín Mesa
Pérez, endocrinologista e presidente da Associação Latino-Americana de
Diabetes.
3)
Quais são as diferenças das diabetes tipo 1 e 2?
"Na classificação
da diabetes há quatro tipos, mas na prática ela se expressa como tipo 1 ou tipo
2. O 1 se apresenta geralmente em jovens com menos de 30 anos, magros e sem
histórico de diabetes na família. Em geral, a doença se manifesta com sintomas
agudos. A diabetes tipo 2 geralmente ocorre em adultos com mais de 40 anos de
idade, muito relacionada ao sobrepeso ou à obesidade, com uma circunferência
abdominal acima de 80 cm no caso das mulheres e de 90 cm nos homens. Também
está associada a outros fatores de risco, como altos níveis de triglicerídeos,
hipertensão arterial e gordura no fígado."- José Agustín Mesa Pérez,
endocrinologista e presidente da Associação Latino-Americana de Diabetes.
"Na diabetes tipo
1, o uso adequado da insulina (uma tarefa trabalhosa e cara) oferece a esses
pacientes a possibilidade de uma vida sem limitações. Os pacientes com diabetes
tipo 2, por apresentar o tipo mais leve da doença, podem controlá-la bem com
dieta, exercícios, controle de estresse e medicamentos (pílulas, injeções,
insulina)." - Victor Montori, endocrinologista especialista em diabetes
na Mayo Clinic, dos Estados Unidos.
4)
A diabetes tem cura? Pode ser evitada?
"A diabetes não
tem cura, mas, se bem controlada, a pessoa pode levar uma vida normal. Não há
como saber quem terá diabetes 1, nem como evitá-la. A diabetes tipo 2, por
outro lado, tem fatores desencadeantes muito claros, e pode ser evitada - ou
retardada, no caso de pessoas com predisposição genética - mantendo-se um peso
adequado, alimentação saudável e balanceada e fazendo exercícios físicos
regularmente." - Fabiana Vazquez, membro da Sociedade Argentina de
Diabetes.
"O transplante de
pâncreas é uma alternativa agressiva que resolve em muitos casos a falta de
insulina na diabetes tipo 1." - Victor Montori, endocrinologista
especialista em diabetes na Mayo Clinic, dos Estados Unidos.
"Não há cura e é
preciso ter muito cuidado com os mentirosos e charlatões que prometem isso. Mas
é uma doença crônica perfeitamente controlável, e quanto mais cedo for
diagnosticada e a redução dos fatores de risco intensamente trabalhada, outras
complicações poderão ser evitadas."- José Agustín Mesa Pérez,
endocrinologista e presidente da Associação Latino-Americana de Diabetes.
5)
Quais alimentos causam diabetes?
"Nenhum. Não há
comida que possa, por si só, levar ao desenvolvimento da diabetes. A confusão
em torno dessa questão ocorre porque o homem pré-histórico precisava economizar
energia para poder viver e ele conseguia isso por meio de mecanismos de
economia de insulina. Mas com o passar do tempo e a alta disponibilidade de
alimentos começamos a ter problemas: o consumo de excesso de energia
impulsionado pelo desenvolvimento industrial. E já não eram alimentos naturais,
mas alimentos enlatados para os quais a digestão não está preparada. Um excesso
no depósito de calorias no tecido gorduroso, no fígado e em outras estruturas
começou aumentar, resultando no desenvolvimento de doenças crônicas como
diabetes, obesidade, câncer etc." - José Agustín Mesa Pérez,
endocrinologista e presidente da Associação Latino-Americana de Diabetes.
"O consumo
adequado de legumes e verduras (crus e cozidos e de várias cores) e frutas pode
ajudar a equilibrar a alimentação e a incorporar antioxidantes naturais que
ajudam a prevenir a diabetes. Sabe-se que dietas ricas em gordura,
especialmente se são de origem animal, bem como carboidratos simples (açúcares)
e alimentos industrializados, estão relacionados a uma maior propensão de
desenvolver a diabetes tipo 2. O excesso de comidas fast food e de lanches é um
das causas da maior frequência com que detectamos diabetes tipo 2 em
crianças." - Fabiana Vazquez, membro da Sociedade Argentina de
Diabetes.
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