Adolescentes que se acham magros demais e se exercitam para ganhar peso
são mais propensos a adotar comportamentos alimentares inadequados, como abusar
de certos itens, usar suplementos dietéticos sem orientação adequada e até usar
esteroides anabolizantes.
Pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos EUA, descobriram que 22%
dos homens e 5% das mulheres com idades entre 18 e 24 anos exibem esse quadro.
O estudo, que contou com quase 15 mil adultos jovens acompanhados por sete
anos, foi publicado este mês no International Journal of Eating
Disorders.
Sem intervenção, esses jovens podem desenvolver o transtorno dismórfico
corporal, uma condição mais difícil de ser tratada e que envolve dieta rígida,
obsessão por exercícios e preocupação exagerada com o físico, com pesagens
constantes. Por isso é importante que o comportamento alimentar inadequado seja
diagnosticado o quanto antes. Porém, isso nem sempre é fácil: os sintomas podem
ser confundidos com hábitos saudáveis.
Em situações extremas, a restrição calórica somada a exercícios
extenuantes pode provocar insuficiência cardíaca, além de isolamento e
depressão. O jovem deixa de ter vida social porque tem receio de sair da dieta
e se sentir culpado.
No início do estudo, os participantes tinham 15 anos, em média. Os
pesquisadores queriam saber se nessa fase já seria possível identificar algum
sinal de alerta para os comportamentos alimentares inadequados.
Garotos que se exercitavam com o objetivo específico de ganhar peso
apresentaram uma probabilidade 142% maior de sofrer o transtorno alimentar.
Entre as garotas, a tendência foi 248% maior. O uso de cigarro e álcool foi um
fator que aumentou o risco para os meninos. Jovens negros também apresentaram
risco mais alto a desenvolver comportamentos alimentares inadequados, segundo
os resultados.
Na fase final do estudo, quando os participantes já eram jovens adultos,
7% dos homens relataram o consumo de suplementos para ganhar peso e 3%
admitiram o uso de esteroides anabolizantes. Entre as mulheres, as taxas foram
de 0,7% e 0,4%, respectivamente.
Os autores ressaltam que esses suplementos, muitas vezes vendidos nas
academias, não são regulamentados como os remédios, e alguns deles podem causar
danos ao fígado ou aos rins, principalmente se usados em excesso ou sem
acompanhamento de um profissional de saúde. Quanto aos anabolizantes, a lista
de prejuízos é grande, e inclui câncer, infertilidade, doenças do coração e
disfunção sexual.
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