quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

EBAL, É PEDRA, É O FIM DO CAMINHO...

FONTE: Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Sinto-me carregando água em cesto – ou melhor, em cesta. Há uma explicação para essa esquisita conclusão. Não posso jamais considerar a Cesta do Povo, do povo. O programa está carcomido pela corrupção, infestado pelo mau uso do dinheiro público e contaminado pelo vírus da roubalheira.
Há um relatório da era Wagner de mais de 300 páginas para o qual quanto mais olho mais me irrita. O calhamaço está a me observar sob a mesa onde trabalho aqui na Tribuna. Já o li de trás para frente. Já consultei contadores e até o contínuo. Eles nem precisaram e nem se deram ao trabalho de folheá-lo. Simples: há um odor fedorento exalado a partir do seu conteúdo. O impressionante é que nenhuma autoridade – nenhuma – se manifesta, embora, como já disse em artigos anteriores, o rombo total pode chegar a até R$ 1 bilhão.
Algo superior a todo o mensalão, à safadeza de Arruda em Brasília, aos conchavos espantosos que culminaram com o impeachment de Collor da Presidência da República. Enfim, estou me referindo a um fantástico esquema que tornou a população de um imenso Estado como a Bahia mais pobre, mas o assunto não é debatido porque não convém politicamente. Por conta desse tsunami nas contas da inútil Ebal deixaram de ser construídos hospitais, escolas, equipamentos de segurança, saneamento, transportes, moradias e o diabo que o carregue todos aqueles implicados nas falcatruas. Parece ter havido um processo generalizado de amnésia. Sei que não estou escrevendo para o vento – e se o fosse não me arrependeria - , mas é incrível a desfaçatez de nossas ditas autoridades ante uma cruel realidade.
O secretário da Fazenda estadual Carlos Martins, que determinou as apurações iniciais na Ebal tem satisfações a dar à sociedade. O ex-governador Paulo Souto cuja administração é acusada de estraçalhar os cofres da Cesta do Povo idem. O também ex-governador Otto Alencar, hoje aliado de Wagner, tem o mesmo compromisso e todos – disse todos – os ex-presidentes da empresa devem (ou deveriam) se manifestar. O silêncio é sinônimo de leniência.
E não posso crer que todos sejam lenientes com o que pode ser um crime. Para finalizar: está na hora de acabar com a rede de supermercados estatal. É uma aberração sustentar um monstrengo que, no passado ( ou será no presente também) servia para empregar apaniguados e apadrinhados políticos. Aliás, o PT denunciou essa prática largamente utilizada antes de assumir o poder. Caso prevaleça o “não sei, não vi e tenho raiva de quem sabe”, sugiro que recorremos ao Barão de Itararé – aquele que protagonizou a batalha que nunca houve - e proclamemos de uma vez por todas: “Restaure-se a moralidade ou locupletemo-nos todos.”
De uma certa forma, era outra maneira de dizer da “vergonha de ser honesto” que Ruy Barbosa profetizara. Queremos uma explicação já! Uma piadinha para concluir: “Ebal, é pedra, é o fim do caminho”...

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