quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

ESPANHOL, LULA E TWB: COISAS DE BAIANO...

FONTE: Jolivaldo Freitas (TRIBUNA DA BAHIA).

Depois não querem que os sulistas, que sempre tiveram lá suas diferenças com a gente, porque o Brasil nasceu aqui; as belezas naturais maravilhosas estão aqui, as morenas mais fogosas aqui estão e a alegria impera sob um sol amarelo de verdade e um azul que beira ao exagero, falem mal, esculhambem, esculachem, malhem, sacaneiem e maltratem e pisoteiem.
A Bahia foi notícia em sites e blogs dos mais variados teores, pelo país afora, por causa de placa colocada na entrada do setor de emergência do Hospital Espanhol, de cara memória. Está lá: “Emergência – Espera de cinco horas”. Que diabo de emergência é esta que tem de esperar. O doente – este tipo de pessoa que só serve para dar trabalho aos médicos, encher hospitais e aborrecer os familiares – chega lá já com um pé na cova, precisando que os atendentes não deixem que o outro pé entre junto, com o coração aos pulos ou pior, quase que parado; os bofes saindo pela boca, se mijando todo, olhos revirando mais do que de passista de esola de samba e segurando ma mão de deus e numa última mirada lê a placa. Claro que entre esperar cinco horas e ir logo desta para melhor o cara prefere a última alternativa e se entrega. Tem tempo apenas de suspirar um “valei-me Nossa Senhora da Boa Morte” e se vai como um passarinho, completando:
- É morrendo e aprendendo!
Ao invés de resolver a questão do atendimento, colocando mais médicos, ampliando o setor, comprando mais equipamentos o hospital optou pelo mais fácil para ele que é minimizar a questão numa placa tão fria quanto uma lápide de granito ou cera de vela apagada. Olha que se trata de um nosocômio espanhol. Depois ainda falam dos portugueses.
Mas não é só isso não meu irmão. A Bahia é pródiga nestas coisas aberrantes, dissonantes e criativas. Haja criatividade no sangue do baiano. Veja que até uma grande empresa paulistana do ramo de navegação, chegou a Salvador e já incorporou a tal baianidade. A TWB foi esculachada no final do ano por não ter feito um trabalho a contento de travessia dos usuários entre Salvador e Itaparica pelo sistema Ferry Boat.
Ao invés de colocar mais navios, mais horários e mais gente para atender, colocou a culpa da balbúidia nos pobres condutores das lanchas artesanais que fazem a linha Mercado Modelo/Mar Grande, como se elas levassem veículos e passageiros pela Baía de Todos os Santos. Disse que como as lanchas pararam os serviços no final da tarde, uma multidão teve de invadir o Terminal de São Joaquim.
Não se dando por satisfeita, a TWB, ainda sem acrescentar nada de novo nos serviços prestados, logo depois do ano novo passou a aconselhar a quem foi para a Ilha ou vinha por ela de outras paragens, que não fizessem a travessia nem no domingo, nem na segunda. Deveria vir na terça ou quarta, como se ninguém tivesse compromisso com trabalho, TPM, banco, matrícula escolar ou atendimento médico. Claro que ninguém acatou.
Como não poderia deixar de ser, até mesmo o presidente Lula cumpriu sua parte na baianada. Apesar de todo aparato lá estava ele na foto numa tremenda farofada, com segurança e até general carregando isopor na cabeça para curtir a praia de Inema. A Bahia é mesmo um jeito só seu de ser. Não saio daqui nem morto.

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