segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

FESTAS DE VERÃO DEIXAM JOVENS ENDIVIDADOS...

FONTE: Lucy Andrade (TRIBUNA DA BAHIA).

A diversão de hoje pode se transformar em “pesadelo” e dor-de-cabeça para os meses seguintes. No verão, a cidade fervilha em opções de lazer, mas é no mês de janeiro que começa a maratona de festas, com os ensaios e lavagens de segunda a domingo, uma brincadeira que pode consumir todo o salário do mês e ainda deixar no vermelho o mês seguinte. Em uma semana de festas, só de ingressos, o folião gasta mais de R$ 300 - valor correspondente a entradas de pista e para festas que variam de R$ 30 a R$ 60.
Os gastos nas festas vão depender do estilo de vida de cada folião. Para a categoria geração saúde, com zero de álcool no fígado, o gasto é bem menor, pois as bebidas estão superfaturadas – uma latinha de cerveja da versão mini- 269 ml não sai por menos de R$ 3,50, uma dose de uísque R$ 10, água mineral e refrigerante de R$ 3 a R$ 4 -, então, para os viradores de copo, os gastos podem chegar a R$ 500 por semana, só em bebidas. E quando passar o período de diversão chegarão as contas.
Como é o caso da estudante de Engenharia, Marcela Félix Andrade, 22 anos, que vai entrar no mês de março com uma enxurrada de dívidas. “Eu moro sozinha, então tenho contas agendadas para pagar como seguro do carro e IPVA, mas não abro mão de curtir quase todas as baladas. Apenas em três ensaios eu gastei um salário mínimo, sem falar que os ingressos são parcelados no cartão e depois já vem o carnaval, aí o 'bicho pega' em março, mas depois pensamos em como pagar”, disse a estudante.
Contudo, nem todos sabem o valor do dinheiro. Verão é sinônimo de diversão e alguns começam o dia na praia e terminado nas pistas de dança, mas quem banca a curtição são os pais. “Eu espero três estações para curtir apenas uma, então, tento aproveitar tudo que posso, às vezes de “virote” emendo uma balada com outra. Não sei quanto eu gasto nas festas, compro os ingressos parcelados no cartão e pago as bebidas em dinheiro, o que dá uma média de R$ 100 por dia. Quando a fatura chega, meu pai reclama, mas a única solução é pagar”, disse sorrindo a jovem Fernanda dos Santos, 19 anos.
Os baianos terminam o ano com o saldo bancário positivo, com o décimo terceiro salário, porém, iniciam no vermelho – além das contas já programadas como IPTU, IPVA, seguro, matrícula e material escolar, as festas de final de ano, juntamente com os eventos musicais, consomem o juízo de muita gente, que sem planejamento, pode entrar em uma bola de neve financeira.
PROGRAMAÇÃO CONTINUA.
Para quem ainda tiver fôlego e crédito, antes do carnaval, tem programação musical em todos os cantos da cidade e em meio a tantas opções, essas são algumas que vão embalar os “regueiros”. Hoje, o “cavaquinho vai “chorar”, no Wet’ n Wild, com show do Harmonia do Samba, ingressos R$ 30 e 50. Na terça-feira, o Olodum mostra sua batida percussiva no Pelourinho, entrada R$ 50 e 60. Na quarta-feira, “Dalila” vai mexer o “balaio”, no Bahia Café Hall, a banda Psirico, vai receber Ivete Sangalo, os ingressos para pista e camarote esgotaram. E a semana segue com os ritmos baianos, tem ensaio da banda Guig Ghetto, no Beach Beer, em Patamares.
Ainda tem, Parangolé, Sarau Du Brown, entre dezenas de outras festas, uma agenda musical extensa que mesmo com orçamento no verde, não há atleta que consiga acompanhar o ritmo de Salvador.
GASTOS PREJUDICAM ATÉ ORÇAMENTO FAMILIAR ANUAL.
As festas de verão dos filhos misturadas com as contas a pagar dos pais, geram um endividamento para o ano todo. O primeiro mês do ano é de inadimplência. Em 2009, 680 mil pessoas estavam com os nomes no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC). Geralmente depois do carnaval, em março, há um pico de dívidas, que se não controladas irão perdurar pelo ano inteiro.
De acordo com o economista Marcos Caldas Filho, os primeiros meses são os mais complicados e as contas chegam a triplicar. “De janeiro a março as dívidas são bem maiores, além das agendadas, a população tem gastos extras com comemorações de final de ano e ainda as festas de verão dos filhos, que consomem mais de um salário mínimo em uma semana. E para não passar o ano todo endividado, é preciso planejar e dar limites de gastos aos herdeiros”, ressaltou o economista.
Marcos disse que a matemática para não entrar no vermelho é clara e fácil – gastar apenas o que se pode pagar – “Se a pessoa tem uma receita mensal de R$ 2 mil e consome mais, o endividamento é certo. Os pais que custeiam as baladas dos filhos precisam estipular valores, não dá para dar carta branca para a farra e depois amargar débitos, porque é isso que acontece”.
Com a proximidade do carnaval, os ensaios já estão acabando. Ontem a Timbalada fez seu último show no Museu Du Ritmo, todos os timbaleiros compareceram, mas não vai nem dar tempo de sentir saudade, pois a banda vai dividir o palco com o Chiclete com Banana, no ensaio geral, no dia 06 de fevereiro.

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