quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

FGTS TEM RENDIMENTO DE 3,9% EM 2009 E PERDE PARA A INFLAÇÃO...

FONTE: *** CORREIO DA BAHIA.
O Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) rendeu 3,9% em 2009, novamente ficando abaixo do índice oficial da inflação, o IPCA, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que marcou 4,31% no ano passado. Isso quer dizer que o dinheiro nas contas do Fundo se desvalorizou.
Pela legislação, o Fundo rende 3% ao ano + TR. Em termos absolutos, a correção do FGTS é a menor desde que a Taxa Referencial (TR) foi definida como indexador, em 1991. A TR, calculada a partir da média da correção dos Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) dos bancos, sofre forte influência da taxa básica de juros, a Selic, que hoje está no mais baixo patamar da história.
Segundo o economista Marcelo Piancastelli, do Instituto de Pesquisas e Estudos Aplicados (Ipea), o Fundo é uma poupança compulsória usada para financiamento de projetos do governo, de empresas e também para linhas para a casa própria destinadas aos consumidores. O rendimento é pequeno para que o custo de repasse desse dinheiro ao mercado também seja mais baixo.
Entretanto, Piancastelli ressalta que quem paga a conta dos empréstimos mais baratos é o trabalhador, uma vez que o dinheiro da poupança se desvaloriza ao ter rendimento inferior à inflação. 'Os bancos que usam os recursos do FGTS são os grandes beneficiados. O Fundo rende 3,9%, mas eles emprestam a prefeituras e empresários a taxas mais elevadas. Quem lucra com os recursos do FGTS são os bancos oficiais.'
Dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostram que as perdas do FGTS em relação à inflação ocorreram diversas vezes nos últimos anos: em 1999, o fundo rendeu 5,42%, enquanto a inflação pelo IPCA marcou 8,94% no mesmo ano; em 2004, a correção ficou em 4,9%, enquanto os preços subiram 7,6%.
O G1 solicitou à Caixa Econômica Federal dados históricos sobre o fundo para ilustrar as perdas ao longo do tempo, mas as informações não foram enviadas pelo banco até o fechamento desta reportagem.
COMO USAR O DINHEIRO.
Por conta das perdas reais do fundo, especialistas dizem que, dependendo da 'poupança' em FGTS, comprar um imóvel pode ser uma boa saída para evitar prejuízos. 'O FGTS rende menos que a inflação há tempos. É um competidor que nasceu para perder, pois rende metade da poupança [a renda das cadernetas é de 6% ao ano + TR]', explica o professor de finanças da Universidade de São Paulo (USP), Rafael Paschoarelli.
Segundo o professor, é 'inconcebível' alguém ter mais de R$ 100 mil parados no fundo de garantia. 'Para quem tem grandes montantes em FGTS, a saída é usar o dinheiro em alternativas mais viáveis, e uma delas é comprar um imóvel.'
Para o especialista, o FGTS tem caráter 'confiscatório'. 'É uma contribuição obrigatória, que compõe o salário. Se [o FGTS] rende menos do que a inflação, cada vez que você deixa o dinheiro lá, comprará menos [no futuro]', explica. Ele lembra que quem aplicou o dinheiro do Fundo em ações da Petrobras e da Vale no passado fez um bom negócio. 'Neste caso, não vale a pena tirar o dinheiro de lá.'
O consultor em finanças Alexandre Lignos diz que, em comparação ao mercado de imóveis, o FGTS é um mau negócio. 'Se a pessoa tiver R$ 120 mil em FGTS e usar o dinheiro para comprar um imóvel, [essa residência] vai se valorizar mais do que o fundo, ainda que o imóvel tenha depreciação', diz.
Ambos os consultores lembram que, de uma maneira geral, os imóveis vêm se valorizando no país. 'Com pessoas empregadas, a demanda por imóveis cresce e a oferta não consegue acompanhar, particularmente nas classes que não tinham acesso crédito. O déficit habitacional não está nos imóveis mais caros, e sim nos mais baratos', diz Paschoarelli.
PLANEJAMENTO DE COMPRA.
Lignos diz, porém, que o uso do FGTS deve ser planejado com cuidado, para que a vantagem do uso do Fundo em uma aplicação mais rentável, como um imóvel, não se perca no pagamento de juros excessivos e no endividamento. 'Na hora de se fechar a compra do imóvel, que é uma dívida de longo prazo, deve-se levar em consideração sempre o pior cenário possível', aconselha.
Da mesma forma, é preciso ficar de olho no tamanho da dívida a ser assumida – quanto maior o prazo de pagamento, maior a quantidade de juros paga pelo consumidor. 'Não acho que adianta fazer uma dívida de R$ 150 mil para livrar R$ 50 mil do FGTS', explica Lignos.
Segundo ele, a análise da capacidade de pagamento deve ser estritamente pessoal: 'Não adianta olhar o apartamento que o colega de empresa tem. Ele pode ter ajuda da família, caso a coisa aperte, viver outra situação financeira.'
Para Alexandre Lignos, na hora de adquirir a casa própria ou um imóvel para investimento, vale a mesma máxima aplicada para os carros: 'Mais vale um Palio quitado do que uma Captiva da qual só foram pagas duas prestações.'

*** As informações são do G1.

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