quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

TUDO GENTE BOA!...

FONTE: *** Janio Lopo (TRIBUNA DA BAHIA).

Gonzagão já alertava há décadas que o jumento é nosso irmão. Mas só agora o Ministério Público e as entidades de proteção aos animais baianos atinaram para essa inexorável realidade. Melhor assim. Antes tarde do que nunca. Se sair tudo como planejado, os equinos não mais desfilarão na Lavagem do Bonfim.
Acabou-se o tempo em que quem tinha fé ia de jegue. O que sempre me incomodou, no entanto, não eram os burros (para mim, teve quatro patas, orelhas gigantes, cara comprida, rabo e relincha, pode apostar que é de uma única família), mas as bestas imbecis que aproveitam a data tradicional para exibirem o corpo malhado, doidas para enfiar um murro na cara de “algum otário” ou uma faca na barriga de “um engraçadinho”.
O que me apavora também são as mulas (com ou sem cabeça), mas, normalmente paramentadas, como que ingressam num campo de batalha. Mulas que saem distribuindo cacetetadas, com um “berro” pendurado na cintura, dispostas a matar ou a matar, se for o caso. Portanto, deixemos o jumento na paz. O jumento é nosso irmão. Ah, ia esquecendo: o cão também. E o gato. E o galo, a galinha e todas as aves, animais e, por que não, os insetos. São todos gente boa!
O jumento é nosso irmão
É verdade, meu senhorEssa estória do sertãoPadre Vieira falouQue o jumento é nosso irmãoA vida desse animalPadre Vieira escreveuMas na pia batismalNinguém sabe o nome seuBagre, Bó, Rodó ou JegueBaba, Ureche ou OropeuAndaluz ou Marca-horaBreguedé ou AzulãoAlicate de EmbauInspetor de QuarteirãoTudo isso, minha genteÉ o jumento, nosso irmão
Até pr’anunciar a horaSeu relincho tem valorSertanejo fica alertaO dandão nunca falhouLevanta com hora e vamoO jumento já rinchouBom, bom, bomEle tem tantas virtudesNinguém pode carcularConduzindo um ceguinhoPorta em porta a mendigarO pobre vê, no jubaioUm irmão pra lhe ajudarBom, bom, bomE na fuga para o EgitoQuando o julgo anunciouO jegue foi o transporteQue levou nosso SenhorVosmicê fique sabendoQue o jumento tem valorAgora, meu patriotaEm nome do meu sertãoAcompanhe o seu vigárioNessa terna gratidãoReceba nossa homenagemAo jumento, nosso irmão

*** Autores: Luiz Gonzaga e José Clementino

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