quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

SOPA DE LETRINHAS...

FONTE: JANIO LOPO (TRIBUNA DA BAHIA).

São atribuídas ao secretário estadual de Indústria, Comércio e Mineração, James Correia, declarações elogiosas a atuação da Ebal, administradora da Cesta do Povo. No seu entender, o programa deveria, inclusive, ser ampliado. Bem que o secretário, que é empresário, poderia melhor esmiuçar seu ponto de vista. Parto do princípio que por ser do ramo o auxiliar do governador Wagner sabe o que diz e por que o diz.
Exceto seus ex-dirigentes (e os atuais, creio) uma parcela ponderável da sociedade, sobretudo ligada ao mundo dos negócios, vê a Cesta do Povo como um capricho do seu idealizador, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães.
Na prática, além de se constituir numa concorrência desleal com a rede privada de supermercados, tem um histórico ligado ao empreguismo para fins eleitoreiros, além de ser uma marca que chega a prestar um desserviço à população, já que seus preços não têm competitividade e falta variedade aos produtos expostos em suas prateleiras. No início do governo Wagner, a Secretaria da Fazenda, por intermédio da Auditoria Geral do Estado, fez uma pequena devassa na Ebal no período de 18 dias. Está escrito no relatório: “ Os exames, efetuados de acordo com os procedimentos usuais de auditoria, envolveram as áreas de fornecedores de mercadorias, publicidade e propaganda, prestadoras de serviços e contratos de locação de veículos e equipamentos de informática. Uma verdadeira força-tarefa do Estado foi recrutada para o trabalho. Os auditores se debruçaram sobre uma série de convênios com cheiro de falcatruas no ar.
Um deles foi assinado com a Livraria Cultura. Sabe para quê? Para o fornecimento de latas para o Programa Nossa Sopa. Não imaginava que livraria também tinha essa atribuição, mesmo sendo a sopa ( o que não era é o caso) especificamente de letrinhas. Criada para ser uma empresa independente, a Ebal sempre teve uma ou mesmo as duas pernas amputadas. Para andar, precisava dos recursos do Tesouro Estadual. E é aí que morava o perigo. Leia mais um pedacinho do relatório: “Apesar da situação pré-falimentar (da Ebal) despesas eram realizadas, algumas de forma crescente, a exemplo de propaganda e publicidade, como se nada de grave estivesse a acontecer”.
Veja mais uma pérola colhida do documento da AGE: “ A Ebal, apesar de no período 2002/2005 ter apresentado faturamento crescente, que atingiu R$ 496 milhões no exercício de 2005, apresentou continuamente prejuízos cujo acumulado, conforme balanço de 2006, atingiu a R$ 620,7 milhões”. É a multiplicação dos pães e dos peixes ao contrário.
Ou seja, quanto mais ganhava, mais a empresa perdia. Supõe-se que o rombo, em função de safadezas anteriores, pode ter ultrapassado a R$ 1 bilhão. Mas o Ministério Público não apura, a Assembleia Legislativa não quer nem pensar em abrir uma CPI e o governo silencia. Há muito fogo espremido nessa fumaça. Vamos ver até quando os barris de pólvora aguentarão até explodirem.

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