segunda-feira, 12 de abril de 2010

VIRADA NA SUCESSÃO...

FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.

Por que o senador César Borges, presidente estadual do PR, não vai integrar a chapa majoritária governista encabeçada pelo governador Jaques Wagner, como este queria? Não vai porque o PT – uma parte dos seus dirigentes e suas bancadas parlamentares, principalmente a estadual – quiseram tudo e nada se dispuseram a dar em troca. Numa negociação política, isto é impensável, inaceitável.
É verdade que a cúpula e os dirigentes do PT, ressalvados alguns setores simbolizados na pessoa do ex-governador Waldir Pires, não se opunham à participação do senador republicano na coligação para as eleições majoritárias. Isso já era ponto pacífico nas articulações do senador com o governador.
Mas ambos passaram a sofrer pressões de suas respectivas bases políticas. O governador via dirigentes do PT e suas bancadas parlamentares se oporem tenazmente à presença de petistas e republicanos nas mesmas coligações para as eleições proporcionais. O senador era legitimamente pressionado pelos deputados federais e estaduais de seu partido – dentre estes últimos, pelo menos três já apoiavam o Governo estadual na Assembléia e a reeleição de Wagner – a colocar como condição imprescindível de uma aliança essas coligações proporcionais.
Mas o PT queria ter em sua chapa majoritária o senador-presidente do PR, os mais de dois minutos que este partido acrescentaria ao tempo de propaganda eleitoral gratuita dos governistas no rádio e televisão, o apoio dos parlamentares e da estrutura do PR, tudo isso sem dar nada em troca, a não ser um lugar na chapa de candidatos ao Senado. Explicando de outro modo: o PT não se dispunha ao menor sacrifício.
Resultado: perdeu. O PR oficializou em nota de sua Comissão Executiva Estadual a aliança com o PMDB – que atuou com perícia – e o apoio ao candidato a governador Geddel Vieira Lima. Serão feitas coligações com o PMDB para as eleições majoritárias e proporcionais. Os mais de dois minutos do PR no rádio e TV não ganhos pelo governismo vão para a aliança liderada pelo PMDB. Esse tempo, saindo de um lado em que quase já estivera para outro, representa uma “mudança” de aproximadamente cinco minutos.
Além disso, o impacto da decisão do PR, tanto no público quanto no meio político, é um dado fundamental neste momento e deverá produzir consequências muito relevantes imediatamente e também em um período mais amplo.
Das imediatas, destacam-se um evidente fortalecimento político e na percepção pública da candidatura de Geddel e a provável, porque lógica, necessidade dos deputados estaduais republicanos que vinham apoiando o governo de se reposicionarem na Assembleia Legislativa e a respeito da orientação eleitoral que repassam às suas bases no interior. Entre as consequências mediatas está o fortalecimento da aliança comandada pelo PMDB, sob diversos aspectos.
Quanto ao PT, terá que rearrumar a chapa majoritária, encontrando um substituto para César Borges. Walter Pinheiro ou Waldir Pires? Otto Alencar passa para candidato a senador? Mais um problema para o governador e seu partido. Mas os deputados do PT devem estar muito felizes, rindo para as paredes. Como gulosos trapalhões, embaraçaram seriamente a estratégia do governador Wagner, mas não terão que disputar cadeiras com os republicanos dentro das mesmas coligações proporcionais.
Geddel agora já pode anunciar sua chapa quando quiser.

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