FONTE: Ivan de Carvalho, TRIBUNA DA BAHIA.
O noticiário diz que a intenção dos partidos de oposição é começar a cobrar da presidente eleita, Dilma Rousseff, as promessas que fez durante a campanha eleitoral, desde o primeiro dia de seu mandato, que começa em 1º de janeiro.
O noticiário está um pouco exagerado ou desatento. A tese da cobrança incontinenti foi lançada ontem pelo presidente nacional do Democratas, deputado Rodrigo Maia. Para vingar, precisa obter o endosso do conjunto de seu próprio partido, além das demais legendas de oposição.
Cabe assinalar que o PTB já não pode ser contado entre as legendas de oposição. Isto porque ingressou na coligação oposicionista graças a uma decisão pessoal do presidente nacional da legenda, ex-deputado Roberto Jefferson, que controla a máquina partidária, vale dizer, o diretório nacional e a convenção nacional do partido.
Mas a partir de agora mais vale o poder das bancadas petebistas no Congresso e estas estão e sempre estiveram – inclusive durante a campanha eleitoral – com o governo Lula e a candidatura de Dilma Rousseff. O presidente petebista Roberto Jefferson não foi antes e muito menos irá agora para um enfrentamento com a bancada do seu partido no Congresso.
Até porque, a certa altura da campanha eleitoral, ele se sentiu isolado e desconsiderado pela campanha de José Serra, reclamou que o PTB não estava sendo ouvido para nada e não tinha chance de opinar, acusou o candidato a presidente José Serra, do PSDB, de considerar “só eu, eu e eu” e, surpreendentemente, declarou pela Internet que daria seu voto a Marina Silva, do PV.
Quanto ao PV, ficou na oposição no primeiro turno, mas para o segundo turno subiu no muro, assumindo uma neutralidade que chamou de “independência”. Há uma corrente no PV que apoia e quer continuar apoiando o governo e outra que se coloca na oposição.
A ex-candidata verde a presidente da República, senadora Marina Silva, já avisou que pretende se candidatar à Presidência em 2014, mas não esclareceu se vai ou não fazer oposição ao governo Dilma Rousseff.
Assim, a oposição está formada, basicamente, pelo PSDB, o Democratas, o PPS e, pelo menos por enquanto, o PMN, que elegeu o governador do Amazonas, Omar Aziz. Duas coisas estão por saber nessa questão de quando começa a oposição.
Uma delas, como já assinalado, é se o presidente do DEM, Rodrigo Maia, convencerá seu próprio partido a iniciar imediatamente a oposição, o que é bem possível. Se há uma lição que o DEM deve tirar dos recentes episódios eleitorais é a de que não deve ficar a reboque do PSDB, esperando por este para tomar suas decisões e fixar posições.
A outra coisa é se os demais partidos que estão (ou ficarem) na oposição vão aceitar a tese de Rodrigo Maia.E até que a tese tem um bom fundamento – o de que não é necessário aquele chamado “período de lua de mel” de três meses que geralmente as oposições e a sociedade dão aos novos governos, antes de começarem a atacá-los.
Isto por uma simples razão, argumenta Rodrigo Maia: não haverá um novo governo, mas praticamente em tudo, como aliás posto pela campanha de Dilma na campanha, uma continuação do governo que está aí há oito anos. Seriam apenas mais quatro anos do mesmo governo.
Para que “lua de mel” se as promessas feitas são a continuação de coisas que, afirmaram o governo Lula e sua candidata, já estão em curso, a exemplo do PAC, do programa Bolsa Família, do Minha Casa, Minha Vida? Esta é a pergunta do presidente nacional do DEM.
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