quarta-feira, 3 de novembro de 2010

TER UMA IRMÃ PODE FAZER AS PESSOAS MAIS FELIZES, INDICA ESTUDO (PARTE DOIS)...


Brincadeira? Isso é comunicação? Bem, sim isso a faz se lembrar de que ele está pensando nela. E conversar por horas cria e reforça conexões com irmãos e irmãs, independente do assunto discutido.
Uma aluna em minha classe descreveu uma situação que ilustra como isso pode funcionar. Quando o cachorro da família morreu, os irmãos (um homem e três mulheres) todos telefonaram uns aos outros. As irmãs contaram entre elas o quanto sentiam falta do cachorro, e como estavam tristes. O irmão expressou preocupação por todos da família, mas nada disse a respeito de seus próprios sentimentos.
Minha aluna não duvidava que seu irmão estivesse tão triste quanto as irmãs; ele apenas não disse diretamente. E eu aposto que as conversas ao telefone serviram exatamente ao mesmo propósito para ele e para as irmãs: trazer consolo por sua perda comum.
Assim, a explicação para irmãs trazerem mais felicidade às pessoas --tanto homens quanto mulheres-- pode não estar no tipo de conversa trocada, mas no próprio ato de conversar. Se os homens, assim como as mulheres, conversam mais frequentemente com suas irmãs do que com irmãos, isso poderia explicar por que as irmãs os tornam mais felizes. As entrevistas que conduzi com mulheres reforçaram essa ideia. Muitas me disseram também não conversar com suas irmãs sobre problemas pessoais.
Um exemplo é Colleen, uma viúva na casa dos 80 anos que me disse sempre ter sido muito próxima de sua irmã solteira, mesmo sem nunca discutir seus problemas pessoais. Uma imagem dessas irmãs permaneceu indelével em minha mente.
Já em idade mais avançada, a irmã veio morar com Colleen e seu marido. Colleen contou que a cada manhã, assim que seu marido se levantava para fazer o café, sua irmã passava pelo quarto para dizer bom dia. Colleen chamava sua irmã para se juntar a ela na cama. Sentadas lado a lado, de mãos dadas, as duas ficam "simplesmente conversando".
Esse é outro tipo de conversa em que muitas mulheres se embrenham, e que desconcerta muitos homens: a conversa sobre detalhes de suas vidas cotidianas, como a blusa que encontraram em oferta --detalhes, alguém poderia dizer, tão insignificantes quanto aqueles do jogo de futebol da noite anterior, que podem confundir as mulheres que ouvem homens conversando. Essas conversas aparentemente fúteis são tão reconfortantes, para algumas mulheres, quanto as "conversas sobre problemas" o são para outras.
Então talvez seja verdade que a conversa é a razão para uma irmã lhe tornar mais feliz, mas não necessariamente uma conversa sobre emoções. Quando mulheres me dizem que conversam com suas irmãs com maior frequência, durante mais tempo e sobre assuntos mais pessoais, desconfio que esse primeiro elemento --a maior frequência-- é mais crucial que o último.
Isso faz sentido para mim como linguista, pois acredito verdadeiramente que as maneiras femininas de conversar não são inerentemente melhores que as masculinas. Isso também me parece certo como uma mulher com duas irmãs --uma que gosta de longas conversas sobre sentimentos e outra que não, mas duas irmãs que certamente me fazem mais feliz.
*** Deborah Tannen é professora de linguística na Universidade de Georgetown e autora, mais recentemente, de "You Were Always Mom's Favorite! Sisters in Conversation Throughout Their Lives" ("Você sempre foi a favorita da mamãe! Irmãs conversando ao longo de suas vidas", em tradução livre).

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