terça-feira, 1 de março de 2011

O PSB E SUA MANOBRA PAULISTA...

FONTE: IVAN DE CARVALHO, TRIBUNA DA BAHIA.
Luiza Erundina foi, pelo PT, a primeira prefeita de São Paulo, de 1989 a 1992 e hoje é deputada federal pelo PSB. Importante: esta é a sigla do Partido Socialista Brasileiro.
Ontem, o blog bahiaempauta.com.br destacava a seguinte frase da mal encarada, mas não antipática velha senhora de 76 anos: “Se admitir isso, o partido vai passar da esquerda para a direita. O DEM sustentou a ditadura militar, que nos impôs tortura, exílio e desaparecimentos. É uma mistura que a química não admite.”
Coitada da química, quando manipulada pelos políticos brasileiros. Então, esta ciência passa a admitir qualquer mistura. Sem censura. Erundina, que se considera uma liderança de “esquerda”, como tantas outras pessoas que da mesma forma se rotulam, talvez nem saiba explicar com clareza exatamente o que significa ser “de esquerda” ou ser “de direita”. Apenas vale assinalar que a suposta existência de uma “esquerda” pressupõe a suposta existência de uma “direita”.
Então, talvez não faça lá muito sentido a afirmação de Erundina, ao referir-se à provável ou já quase certa transmigração do prefeito paulistano Gilberto Kassab do Democratas para o PSB – via um partido-ponte a ser criado para esse fim específico – de que a absorção de Kassab pelo Partido Socialista Brasileira levaria este da “esquerda” para a “direita”. Se “esquerda” e “direita” situam-se em lugares incertos e não sabidos do espectro político, a avaliação da ex-prefeita Erundina é, no mínimo, arriscada, mas possívelmente abilolada.
Ela, na entrevista à Folha, deixa absolutamente claro que já está isolada na seção paulista do PSB e que a entrada do prefeito Kassab (com a expectativa, quase promessa de ser o candidato deste partido a governador em 2014) a deixaria numa espécie de solitária. E denuncia que a migração do Kassab do DEM para o PSB nada mais é do que uma jogada do tucano José Serra para infernizar a vida política do governador também tucano Geraldo Alckmin.
Simples: Kassab seria candidato do PSB a governador, concorrendo com Alckmin, que estaria buscando a reeleição. A parte serrista do PSDB e do DEM paulista apoiaria Kassab, já então do PSB, contra Alckmin.
Quanto ao governo federal e ao PT – que estimulam Kassab a ir para o PSDB, ao invés de para o PMDB, como ele pensara a princípio e chegara a acertar com o vice-presidente da República, o peemedebista Michel Temer (hoje o mais exímio engolidor de sapos da República) –, atingiriam dois objetivos convergentes. Impediriam a ressurreição do PMDB paulista, que está atualmente morto com um deputado federal e quatro estaduais e plantariam o PSB com firmeza no maior colégio eleitoral do país, fazendo deste partido o contra-peso para neutralizar o PMDB.
Ora, não vejo nada demais em o PSB acolher Kassab, um político de curta história e ideologicamente uma caixa preta. O problema é acolher gente como Afif Domingos, do DEM e vice-governador paulista, que não é mesmo de “esquerda” nem de “direita”, mas politicamente um democrata e economicamente um liberal cujo ideário (seria burro se tivesse ideologia, mas não tem) é bem conhecido. O PSB perde mesmo o rótulo de “esquerda” se acolher Afif, mas creio que Afif perde sua história, que é boa, se for para o PSB.

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