quarta-feira, 24 de agosto de 2011

AS MOEDAS...

Dois homens instalaram-se, com suas tendas e mercadorias, à beira de movimentada estrada.


Por ali passavam viajantes de muitas paragens, eis que a estrada logo adiante apresentava diversas bifurcações que levavam a cidades grandes e pequenas, vilas e povoados.

Na tenda maior, de listas grandes, coloridas, muito chamativa, ficou um homem de grande ambição. Seu desejo era juntar muitos tesouros.

Por isso mesmo, suas mercadorias eram demasiado caras, embora fossem ricamente apresentadas em embalagens suntuosas.

Na tenda menor, de colorido delicado, o outro homem simplesmente se dispôs a aguardar os que desejassem chegar até ele. Nenhum cartaz de propaganda bombástica, nem qualquer outro artifício.

O primeiro atraía multidões. Os que por ali passavam, estranhamente se dirigiam para a sua tenda e ninguém discutia ou buscava barganhar os preços das mercadorias.

Apesar das grandes somas que deviam despender, todos se mostravam dispostos a pagar, sem qualquer discussão.

O segundo não tinha muitos fregueses. Discreto, enquanto aguardava, plantava flores em seu jardim. O lugar era, assim, agradável e de encantos naturais.

Poucos paravam ali, mas os que se detinham, recebiam das mãos do bom homem flores perfumadas de variados matizes.

Havia tanta singeleza e bondade na doação, que alguns chegavam a se emocionar, e com beijos nas mãos calosas do anônimo jardineiro, procuravam agradecer as dádivas generosas, depositando nelas as lágrimas das suas almas tocadas pelo gesto.

O primeiro homem logo foi enchendo o seu cofre com recursos amoedados. Tantos, que a cada dia mais abarrotavam todos os escaninhos do grande local.

Sentia-se feliz vendendo, a peso de ouro, a calúnia, a maledicência, o vício, a inveja, o ciúme. E os passantes prosseguiam, sempre mais ávidos, a buscar-lhe as mercadorias.

Os dias se multiplicaram e se transformaram em semanas, que cederam lugar aos meses. Na somatória desses, advieram os anos.

Certa tarde, quando o sol ia descansando no horizonte, derramando seus derradeiros raios sobre a terra fértil, colorindo o céu de ouro, sangue e prata, os dois homens entenderam que a sua hora se aproximava e que seria bom fazer o balanço das suas finanças.

O primeiro homem, da tenda maior, abriu o cofre e, desgostoso, constatou que ele estava cheio de moedas de metal vil. Ele fora ludibriado. Durante anos, recolhera o que pensava serem moedas fartas de ouro e verificava serem todas de valor irrisório.

O outro estendeu as mãos e as descobriu cheias de preciosas gemas. As lágrimas de gratidão dos que haviam sido aquinhoados com suas flores de bondade, haviam se transformado em pedras de alto valor.

O homem que vendera ilusões, gozos e prazer, entendeu. Ele comercializara e recebera as moedas da Terra, passageiras, ilusórias, que somente compram as coisas do mundo e se perdera, no emaranhado do mal.

O outro, por ter distribuído a bondade sem nada exigir, recebera as moedas do Mundo Invisível.

* * *
Semear o bem ou comprazer-se no mal, é decisão de cada um.

Somos responsáveis não somente pelo mal que praticamos, mas também por aquele que, de alguma forma, incitamos os outros a praticar.

Assim, todo bem que espalhamos ao nosso redor, é bem para nós mesmos, pois sempre é dado a cada um segundo as suas obras.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. A moeda da Terra e a do Céu, do livro À sombra do olmeiro, pelo Espírito Um jardineiro, psicografia de Dolores Bacelar, ed. Correio Fraterno do ABC.

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