FONTE: Rodrigo Vilas Bôas, TRIBUNA DA BAHIA.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) acaba de regulamentar a medicina paliativa como área de atuação médica no Brasil. Criada há oito anos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), a medicina paliativa tem o objetivo de aliviar a dor e os sintomas e melhorar a qualidade de vida de quem está em fase terminal ou sofre com doenças crônicas – como as cardíacas, renais e pulmonares, o câncer e os transtornos mentais. A resolução do CFM beneficia pelo menos 650 mil pacientes crônicos no país, como salienta a médica Maria Goretti Maciel, membro da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP).
Com a adoção da medicina paliativa, a ideia é que, mesmo em fase terminal, a qualidade de vida dos pacientes seja mantida em níveis satisfatórios. “A medicina paliativa ajuda a entender o processo de morte, a minimizar o sofrimento. Ela presta assistência não apenas ao doente, mas à família e aos amigos”, explica Abelardo Meneses, presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 50% dos futuros pacientes com diagnóstico de câncer irão evoluir para um quadro sem possibilidade de cura, em condições de confinamento e com sintomas difíceis de ser tolerados, fora de qualquer condição aceitável dentro da medicina atual. “É aí que surge a medicina paliativa, uma prática de valor humanístico para a sociedade, um importante mecanismo na amenização desses sintomas”, completa Meneses.
A medicina paliativa ainda é pouco desenvolvida no Brasil. Conforme a médica Maria Goretti Maciel, existem cerca de 400 leitos específicos em hospitais e pouco mais de 60 equipes médicas atuantes na especialidade. Na avaliação dela, o país precisa de aproximadamente 10 mil leitos e mil profissionais.
De acordo com resolução do CFM, a medicina paliativa pode ser exercida por especialistas em clínica médica, câncer, geriatria, gerontologia, pediatria, anestesiologia e medicina de família e comunidade. Os profissionais terão de cursar um ano a mais para receber o título de paliativista, que será concedido pela Associação Médica Brasileira (AMB).
Além da medicina paliativa, o Conselho criou também a medicina do sono – área da saúde que estuda as funções do sono, os seus distúrbios e o impacto desses distúrbios na vida social – e a medicina tropical, vinculada à especialidade de infectologia e cuja área de atuação é dedicada ao estudo e tratamento de doenças como malária, febre amarela, dengue, esquistossomose e leishmaniose, típicas de regiões tropicais.
“Essas mudanças decorrem do avanço da ciência médica. Hoje temos 54 novas especialidades, uma quantidade bastante superior a que existia há 50 anos. É bom para a sociedade, que terá agora uma maior gama de profissionais especializados”, conclui o presidente do Cremeb.
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